O Itaú (ITUB4) poderá pagar dividendos recordes em 2025, com valores que podem ultrapassar R$ 42 bilhões, segundo estimativas de corretoras. A projeção mais otimista vem da Ágora Investimentos, que prevê proventos totais de até R$ 42,6 bilhões, refletindo um cenário de forte geração de lucro e disciplina na alocação de capital.
Na outra ponta, a estimativa mais conservadora é da Terra Investimentos, que projeta um pagamento mínimo de R$ 12,5 bilhões, com possibilidade de chegar a R$ 30 bilhões se forem considerados dividendos extraordinários.
As divergências entre as estimativas se explicam pela diferença entre os dividendos ordinários, que correspondem ao mínimo obrigatório de 25% do lucro líquido, e os dividendos extraordinários, que dependem da política interna e da saúde financeira do banco.
Projeções de dividendos do Itaú (ITUB4): cenário base e cenário otimista
De acordo com a Ágora Investimentos, o Itaú (ITUB4) deve reportar um lucro líquido de R$ 47,4 bilhões em 2025. Com base nesse resultado, a corretora estima um payout total de 91%, incluindo dividendos ordinários e extraordinários.
A Terra Investimentos trabalha com dois cenários. No mais pessimista, projeta apenas os dividendos obrigatórios, de R$ 12,5 bilhões. No cenário otimista, considera um lucro de R$ 50 bilhões e a distribuição de R$ 30 bilhões em proventos, sendo R$ 15 bilhões em dividendos ordinários e outros R$ 15 bilhões como extraordinários.
Segundo o analista Régis Chinchila, da Terra, o excesso de capital regulatório e o histórico recente de pagamentos adicionais reforçam a chance de dividendos extras:
“Esse patamar reforça a capacidade do Itaú de manter um payout expandido e, ao mesmo tempo, sustentar crescimento da carteira de crédito e dos investimentos em digitalização.”
Tabela: Projeções de dividendos do Itaú (ITUB4) por corretora
Corretora | Lucro estimado (R$ bi) | Dividendos estimados (R$ bi) | Dividend Yield (%) |
---|---|---|---|
Ágora Investimentos | 47,4 | 42,6 | 10,5 |
Terra (pessimista) | — | 12,5 | 3,1 |
Terra (otimista) | 50,0 | 30,0 | 7,2 |
Cultura Capital | — | 32,3 | 8,7 |
Excesso de capital reforça cenário de dividendos extraordinários
O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, declarou recentemente que a empresa espera realizar uma nova distribuição de dividendos no início de 2026, com base no resultado de 2025. Ele destacou que os fundamentos continuam sólidos, e que o índice de Basileia III do banco, atualmente em 13,1%, dá margem para pagamentos adicionais.
O Banco Central exige que as instituições mantenham esse índice entre 10,5% e 50%. Estar acima do mínimo regulamentar reforça a capacidade do banco de remunerar os acionistas sem comprometer a saúde financeira.
Para Gabriel Uarian, analista da Cultura Capital, a distribuição de dividendos extraordinários é praticamente certa:
“Com excesso de capital e lucro robusto, esperamos o pagamento de R$ 18,48 bilhões em dividendos extraordinários e mais R$ 13,86 bilhões em ordinários, totalizando R$ 32,34 bilhões em 2025.”
Tecnologia e digitalização apoiam a estratégia de crescimento
A estratégia do Itaú (ITUB4) para os próximos anos inclui um forte investimento em digitalização. O banco pretende elevar o atendimento digital no varejo de 15% para 75% nos próximos dois a três anos.
Segundo André Rodrigues, head de negócios para pessoas físicas, a meta é abandonar gradualmente o modelo tradicional de agências e adotar uma abordagem 100% digital. A transformação está em curso e integra a estratégia apresentada no Investor Day da instituição.
“Queremos acelerar a saída desse modelo tradicional, ao mesmo tempo que a gente ressignifica a presença nichada e regional. Nosso objetivo é nos tornarmos um verdadeiro banco digital”, afirmou Rodrigues.
Impactos no preço da ação e perspectiva de valorização
A ação do Itaú (ITUB4) é negociada atualmente a R$ 37,85 e, segundo analistas, possui espaço para valorização. A Cultura Capital estima que, com entrega consistente de resultados e aumento da eficiência operacional, o papel pode atingir R$ 43 — uma valorização de 13,6%.
A XP Investimentos avalia que, embora o Itaú esteja sendo negociado a um múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 8,2 vezes — acima de outros bancos como o Santander (5,9 vezes) —, a compra do papel ainda se justifica pela rentabilidade elevada e histórico de consistência na alocação de capital.
Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, da XP, destacam:
“O Itaú oferece rentabilidade estruturalmente alta, com destaque para o ROE sólido, eficiência operacional e performance consistente em todos os segmentos — varejo, atacado e seguros.”
Ação está em preço justo, mas depende da execução operacional
Apesar do otimismo, os especialistas alertam que a valorização dependerá da execução da estratégia de crescimento. Chinchila, da Terra, avalia que a ação do Itaú (ITUB4) segue em preço justo, com potencial de valorização conforme o banco entrega crescimento da carteira de crédito e consolida sua transformação digital.
“O mercado quer ver resultados concretos, especialmente em segmentos como agronegócio, PME e varejo massificado. Isso pode destravar valor adicional”, aponta o analista.
Itaú (ITUB4) combina solidez, dividendos robustos e visão de longo prazo
Com lucro crescente, forte posição de capital e foco em eficiência operacional, o Itaú (ITUB4) surge como uma das ações mais recomendadas para investidores com perfil de longo prazo. A possibilidade de distribuição bilionária em dividendos, aliada a uma estratégia digital bem delineada, sustenta a visão positiva do mercado.
No entanto, a execução consistente do plano e a manutenção do ambiente macroeconômico atual serão decisivos para a valorização das ações e a concretização das projeções mais otimistas.