O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. No entanto, a isenção de tarifas sobre gás natural liquefeito e categorias específicas de petróleo amenizou o impacto inicial da decisão.
Além disso, a Casa Branca anunciou um prazo de 7 dias para renegociar outros setores, o que deu um novo fôlego ao mercado brasileiro e à diplomacia entre os países.
Ibovespa reage positivamente à isenção de tarifas
A notícia da isenção de tarifas em setores estratégicos como energia teve efeito imediato nos mercados financeiros. O Ibovespa operou com forte valorização, acompanhando um movimento de otimismo cauteloso dos investidores diante da possibilidade de redução no impacto econômico das novas tarifas americanas.
O índice subiu mais de 1,2% nas primeiras horas após o anúncio, puxado por ações do setor de petróleo e gás, como Petrobras e 3R Petroleum, que foram diretamente favorecidas pela exclusão das tarifas em seus segmentos de exportação.
Dólar recua com trégua parcial nas tarifas
O dólar também registrou movimento de pullback no mercado brasileiro, recuando após altas sucessivas provocadas pela tensão comercial entre os países. A isenção de tarifas contribuiu para aliviar o câmbio, ao reduzir o risco de uma piora abrupta na balança comercial brasileira.
A manutenção de produtos estratégicos fora da lista de tarifação, como o gás natural e o petróleo leve, reduziu a projeção de impacto direto sobre as contas externas, favorecendo o real no curto prazo.
Bolsas globais pressionadas pela decisão do Fed
Apesar da trégua parcial com o Brasil, as bolsas americanas recuaram fortemente devido à manutenção da taxa de juros pelo Federal Reserve. O Fed manteve os juros na faixa de 4,25% a 4,50%, citando incertezas sobre a economia e a inflação ainda resistente.
A decisão gerou aversão ao risco global, derrubando os principais índices americanos como o S&P 500 e Nasdaq, pressionando os mercados emergentes. No entanto, o alívio causado pela isenção de tarifas ajudou o Brasil a se descolar parcialmente desse movimento.
EUA endurecem tom, mas mantêm brechas estratégicas
O anúncio da isenção de tarifas foi feito no mesmo comunicado em que a Casa Branca classificou o governo brasileiro como uma “ameaça extraordinária” à política externa e à segurança nacional dos EUA. A ordem cita ações de censura, intimidação a empresas americanas e repressão judicial como justificativas para as medidas econômicas.
O alvo direto foi o ministro Alexandre de Moraes, do STF, apontado por Washington como responsável por “graves violações de direitos humanos”. O magistrado foi incluído na lista de sanções da OFAC sob a Lei Magnitsky, e o sistema bancário americano foi notificado para congelar seus bens em até 24 horas.
Produtos isentos e setores ainda sob risco
Além do gás natural liquefeito e do petróleo leve, os EUA também confirmaram isenção de tarifas para aeronaves civis, minério de ferro, carvão, suco de laranja e alguns eletrodomésticos.
No entanto, permanecem sob risco diversos produtos agrícolas, carnes, café, aço e manufaturados, que poderão ser taxados caso o Brasil não avance nas negociações dentro do prazo de 7 dias.
Estratégia diplomática em curso
O Itamaraty já iniciou conversas com o Departamento de Estado dos EUA buscando ampliar a lista de setores com isenção de tarifas. Representantes da diplomacia brasileira tentam evitar o colapso de setores exportadores que dependem do mercado americano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está comprometido em defender os interesses do Brasil, mas também reconheceu a necessidade de revisar práticas regulatórias que incomodaram o governo americano, como pressões sobre plataformas digitais.
Perspectivas para os próximos dias
Com a janela de 7 dias aberta para negociação, o mercado financeiro brasileiro deve manter alta volatilidade. O desempenho do Ibovespa nos próximos pregões dependerá diretamente do avanço das tratativas entre os dois países e do comportamento dos juros globais.
A expectativa é que novas isenções sejam concedidas, especialmente em produtos com grande peso na balança comercial e sensíveis para a economia americana, como fertilizantes, aço bruto e produtos agrícolas.
Produtos do Brasil Isentos da Nova Tarifa de 40% (Jul/2025)
Categoria | Produtos Isentos |
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Alimentos | Castanhas-do-brasil, polpa de laranja, sucos de laranja (congelados e não congelados) |
Minérios e Metais | Minério de ferro, estanho, mica, prata, ouro, ferro-gusa, ferronióbio, ligas de ferro |
Energia e Combustíveis | Carvão, linhito, turfa, coque, gás de carvão, gás natural, propano, butano, etileno |
Químicos e Fertilizantes | Alumínio, silício, óxido de alumínio, potassa cáustica, fertilizantes diversos |
Madeira e Celulose | Madeira, cortiça aglomerada, polpas de madeira, algodão, fibras vegetais e celulose |
Aviação Civil | Aeronaves civis, motores, turbinas, peças, pneus e simuladores de voo |
Outros Industriais | Papel e papelão, artigos de fricção, crocidolita, amianto, linhas e tubos metálicos |