O Brasil se prepara para receber um volume expressivo de recursos vindos da China. Durante visita oficial à Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou R$ 27 bilhões em novos investimentos da China no Brasil. O pacote foi divulgado após um fórum empresarial em Pequim e abrange setores estratégicos como mobilidade, energia renovável, mineração e tecnologia.
Grandes empresas chinesas entram em ação
Entre os destaques dos investimentos da China no Brasil está a entrada de empresas como a Great Wall Motors (GWM), que pretende aplicar R$ 6 bilhões para expandir suas operações no setor de carros elétricos. A rede de fast food Mixue anunciou a chegada ao país com um investimento estimado em R$ 3,2 bilhões e a geração de 25 mil empregos até 2030.
Já a gigante do delivery Meituan, por meio do aplicativo Keeta, destinará R$ 5 bilhões ao mercado brasileiro, com previsão de até 100 mil empregos indiretos. O setor energético também receberá atenção, com aportes de R$ 3 bilhões da CGN (China General Nuclear Power Group) em um hub de energia limpa no Piauí.
Tecnologia, mineração e novos mercados
Além das áreas tradicionais, os investimentos da China no Brasil incluem R$ 2,4 bilhões da Baiyin Nonferrous para aquisição da mina de cobre Serrote, em Alagoas, e aportes da Longsys, especializada em semicondutores, mirando o mercado de alta tecnologia. A Envision também pretende injetar até R$ 5 bilhões em um parque industrial neutro em emissões de carbono — o primeiro da América Latina.
Brasil mira novo protagonismo global
Lula destacou que os investimentos da China no Brasil simbolizam uma nova fase de integração econômica e diplomática. O presidente afirmou que o país asiático tem sido injustamente tratado como inimigo comercial, quando na verdade atua como parceiro em regiões negligenciadas pelo Ocidente.
“A China está mostrando disposição para fazer negócios com países que foram esquecidos por outros. Isso precisa ser valorizado”, declarou Lula. Ele ainda reforçou a importância de reinvestir os lucros do agronegócio em educação e inovação para o Brasil competir globalmente em setores como inteligência artificial e energia limpa.
Intercâmbio ampliado e acordos bilaterais
Durante a viagem, Lula também defendeu a ampliação de rotas aéreas e do turismo entre os dois países, além da intensificação do intercâmbio tecnológico e comercial. O Brasil e a China firmaram diversos acordos bilaterais envolvendo satélites, tecnologias digitais e promoção de produtos brasileiros em território chinês.
Na parte comercial, um dos destaques foi a inauguração de um escritório em Pequim dedicado à exportação de carnes brasileiras. A ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações) mapeou 400 oportunidades de negócio com os chineses, com forte foco no agronegócio e no setor de tecnologia.
China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil
A China já ocupa o posto de principal parceiro comercial do Brasil. Segundo o presidente Lula, o país asiático saltou da 14ª para a 5ª posição no ranking de investimento direto estrangeiro em território brasileiro nos últimos dez anos. O estoque de capital chinês no país ultrapassa US$ 54 bilhões, segundo dados oficiais.
A expectativa é que essa nova rodada de investimentos da China no Brasil marque uma fase de transição no comércio internacional — com foco em sustentabilidade, alta tecnologia e geração de empregos qualificados.