A Bolsa de Valores brasileira, B3, lançou hoje, quarta-feira (17), o índice futuro de Bitcoin. Esses contratos, com vencimento mensal, estarão disponíveis para negociação das 9h às 18h30. Nessa modalidade, a liquidação ocorre apenas financeiramente, ou seja, não há compra e venda direta de criptomoedas.
Este produto é semelhante aos minicontratos de índice referenciados no Ibovespa e de dólar, mas acompanha o índice de referência do Bitcoin da Nasdaq, chamado de Preço de Referência do Bitcoin Nasdaq (NQBTC), conforme previamente anunciado em 2022. O vencimento ocorrerá sempre na última sexta-feira do mês.
Cada contrato terá o valor equivalente a 0,1 bitcoin, representando 10% do valor da criptomoeda em reais. Os investidores de varejo precisarão depositar uma margem mínima de R$ 100 por contrato junto à corretora.
As transações financeiras serão baseadas na variação de preço do Bitcoin e contarão com a participação de formadores de mercado, agentes que negociam o produto para garantir liquidez e confiabilidade na formação de preços.
Segundo a B3, o Futuro de Bitcoin é um instrumento que permitirá aos investidores protegerem-se contra as flutuações de preço da criptomoeda. A Bolsa já disponibiliza 14 ETFs relacionados ao mercado de criptomoedas, incluindo um BDR de ETFs, para negociação dos investidores.
A estreia deste produto ocorre após a aprovação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 28 de março. O lançamento do derivativo, no entanto, enfrentou alguns atrasos devido à demora na liberação pela autoridade reguladora.
Inicialmente previsto para junho do ano anterior, o lançamento foi adiado para o segundo semestre e, posteriormente, para 2024.
Em entrevista ao InfoMoney, Marcos Skistymas, diretor de produtos listados da B3, explicou que o lançamento do futuro de Bitcoin é impulsionado principalmente por três fatores: a oferta aos clientes da oportunidade de realizar hedge nas negociações da principal criptomoeda, a demanda por produtos relacionados a criptoativos em plataformas reguladas e a iniciativa da própria B3 em diversificar sua oferta de produtos.
Skistymas destaca que o futuro de Bitcoin permitirá que investidores operem a criptomoeda com uma certa proteção, utilizando contratos para fixar antecipadamente o preço do ativo e proteger-se contra oscilações adversas de preço. Isso permite que investidores e empresas gerenciem o risco de flutuações de preços em suas operações ou investimentos.
A B3 espera que o lançamento do futuro de Bitcoin aumente a participação de investidores institucionais no mercado de criptomoedas, já que alguns deles só podem operar com certa proteção por questões de conformidade regulatória.
Atualmente, segundo a empresa, todos os produtos envolvendo Bitcoin movimentam cerca de R$ 100 milhões por dia, com 50% desse valor proveniente de investidores individuais.
A operadora da bolsa prevê que o futuro de Bitcoin possibilite, em breve, a introdução de opções de Bitcoin, utilizando o contrato futuro como referência para estabelecer os valores de vencimento.
Além disso, Skistymas sugere que os produtos envolvendo Bitcoin sirvam como um teste para a possível introdução de produtos semelhantes baseados em novas moedas no futuro.
A B3 tem lançado uma série de novos produtos recentemente, incluindo o VIX Brasil em parceria com a S&P Dow Jones, e tem outros produtos planejados para lançamento em breve.
A empresa está estudando a possibilidade, em conjunto com a CVM, de estender o horário do after market até as 21h30.
Para negociar o futuro de Bitcoin, os investidores precisam depositar uma margem mínima na corretora, com o valor de R$ 100 por contrato para investidores de varejo. Os investidores que mantiverem posições nos contratos até o final do pregão deverão depositar 50% do valor do contrato como margem.
O depósito da margem de garantia é utilizado para garantir o cumprimento das obrigações financeiras de ambas as partes envolvidas na operação. Os contratos futuros também estão sujeitos a ajustes diários com base na oscilação do preço do contrato durante o pregão.