A confirmação de Marcio Pochmann, economista com uma abordagem desenvolvimentista, para liderar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) representa mais do que um simples evento isolado. Ela faz parte de um conjunto de indicações propostas por membros do PT que buscam uma maior participação do partido em cargos econômicos junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Algumas figuras influentes do governo também desejam indicar Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, para o cargo de diretor-presidente da Vale – uma indicação que precisaria ser negociada com o conselho de administração da empresa. Além disso, eles almejam promover mudanças na diretoria da Petrobras o mais rápido possível.
Fontes dizem que os membros do PT que defendem essa posição têm algumas diferenças em relação ao atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ainda é uma das figuras mais influentes junto a Lula. Eles tentaram manter a desoneração dos combustíveis e aliviar a proposta de arcabouço fiscal, mas foram superados pelas negociações lideradas pelo ex-prefeito de São Paulo. Com pouca influência na Fazenda, eles buscam agora por mais cargos para colocar em prática sua abordagem econômica que defende o Estado como principal impulsionador da atividade nacional.
Em relação à Petrobras, fontes do Palácio do Planalto afirmam que Lula não está satisfeito com o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Na visão do petista, Prates, que é ex-senador do partido, parece estar alinhado com os interesses do mercado financeiro e não contribui o suficiente para utilizar as estatais em prol do desenvolvimento nacional, o que é uma das principais premissas da abordagem desenvolvimentista do PT. Além disso, há a percepção de que Prates não tem dado espaço para membros do PT ocuparem posições importantes na companhia. Por enquanto, Prates está seguro em seu cargo, mas a empresa pode vir a receber indicações de membros do PT e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, caso Lula assim o determine.
As indicações econômicas e as mudanças nas estatais estão preocupando o mercado. Alguns investidores temem que as políticas desenvolvimentistas do PT possam levar a uma maior intervenção do Estado na economia e a um aumento da inflação. Outros temem que as mudanças nas estatais possam levar a uma redução da eficiência e da produtividade. Ainda é cedo para dizer quais serão os impactos das indicações econômicas e das mudanças nas estatais.