A recente derrota do governo no Congresso, marcada pela rejeição da medida provisória que alterava as regras para créditos do Pis/Cofins, desencadeou uma constatação cada vez mais inevitável: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está sob um ataque especulativo aberto, saudado pela oposição e elaborado dentro do Palácio do Planalto.
“Estou ficando cansado de sempre sair vitorioso contra esse governo”, brincou o presidente do PP, Ciro Nogueira, enquanto se dirigia para uma agenda que incluía encontros com figuras proeminentes da oposição e do agronegócio.
Conheça as Melhores Estratégias para PROTEGER SUA CARTEIRA DE AÇÕES
Já são três as propostas da Fazenda rejeitadas pelo Congresso para reorganizar a arrecadação: a reoneração, a retomada de taxas sobre os municípios e, agora, uma nova formulação para o uso de créditos do Pis/Cofins.
“Essa recusa constante, ao meu ver, não é mais ideológica ou pragmática. É uma tentativa deliberada de derrubar Haddad”, observa um membro do MDB no Senado. “É uma tentativa de assumir a agenda econômica após ter dominado a agenda dos costumes. E isso é direcionado ao único membro do governo que está realmente apresentando dados concretos: a recuperação do emprego, o PIB e uma abordagem moderada em relação ao mercado”, conclui.
A devolução da medida provisória pelo Congresso foi alvo de reflexão na Fazenda. Haddad admitiu a aliados que houve falhas na apresentação do texto enquanto estava em viagem ao exterior. Ele acredita que, estando em Brasília, poderia ter esclarecido rapidamente as dúvidas do setor produtivo e dos parlamentares, até mesmo emendando o texto.
Baixe grátis: Ebook – TOP 10 PAGADORAS DE DIVIDENDOS 2024
“Por estar ausente, o ônus da MP caiu sobre Lula”, revela um membro do ministério. E então, Lula decidiu desautorizar o ministro da Fazenda, anunciando a retirada da MP. Para minimizar o desgaste de Haddad, negociou-se que o presidente do Senado devolveria o texto.
O ataque especulativo a Haddad é atribuído no Senado à facção conhecida como “república do acarajé”, uma alcunha sarcástica para uma ala do Planalto liderada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, figura oculta nas negociações com o Congresso e frequentemente criticado quando se trata da falta de articulação política.
Até mesmo observadores externos identificam a luta interna como o principal problema do governo hoje. “Não é necessário ter uma oposição. O governo permite que seus próprios membros se ataquem. Aparentemente, não percebem que o cenário exige uma oposição mais sofisticada e um embate constante”, comenta um membro do Supremo.
Ibovespa e dólar hoje
O dólar, que reagiu ao CPI e chegou a cair após o dado, reverteu o sinal e passou a subir com firmeza, quebrando a barreira de R$ 5,40 na máxima intradiária.
Por volta de 10h45, o dólar comercial exibia apreciação de 1,09%, a R$ 5,4206. Já o Ibovespa, após começar em alta, apagou os ganhos e passou a recuar: o índice operava em queda de 1,16%, aos 120.227 pontos.
Os mercados aguardam ainda a decisão de política monetária do Fed, às 15h, as projeções e a entrevista coletiva do presidente do banco central americano, Jerome Powell.