A ação da Hapvida (HAPV3) pode estar diante de uma valorização significativa no curto e médio prazo. Segundo relatório do BTG Pactual, apesar de uma leve redução no preço-alvo — de R$ 67,50 para R$ 67,00 — a recomendação segue sendo de compra, com potencial de alta de 68% em relação ao fechamento do pregão de quarta-feira (27).
Impacto de efeitos não recorrentes no 2T25
O banco avalia que os resultados do segundo trimestre foram impactados por fatores pontuais, principalmente cobranças do SUS. Mesmo assim, os analistas destacaram avanços relevantes, como controle da sinistralidade, crescimento do ticket médio, evolução orgânica da base de clientes e estabilização nas provisões judiciais.
O Ebitda veio em linha com as expectativas. Por outro lado, o lucro caixa decepcionou, pressionado por cobranças da ANS, aumento nas despesas financeiras líquidas e elevação da dívida líquida. Com isso, o BTG revisou para baixo a estimativa de lucro para 2026 em 8%. As projeções de Ebitda, no entanto, permaneceram praticamente inalteradas.
“As maiores despesas financeiras nos levaram a adotar premissas mais conservadoras para o lucro líquido”, escreveram os analistas.
Hapvida (HAPV3) segue negociada com desconto
Apesar da revisão negativa, o BTG acredita que este trimestre marca o início de um ciclo mais estável para a companhia, desde que as melhorias operacionais continuem se consolidando.
A Hapvida (HAPV3) ainda é negociada a 10 vezes o lucro por ação ajustado para o próximo ano, o que indica uma precificação atrativa frente ao potencial de recuperação. Segundo o BTG, a expansão dos múltiplos dependerá diretamente da continuidade do crescimento orgânico e da melhora na geração de caixa.
“A execução do plano de crescimento e a geração de caixa serão determinantes para o desempenho da ação”, diz o relatório.
Resultados encorajadores no 2T25
Mesmo com os desafios, o segundo trimestre trouxe dados operacionais considerados encorajadores. A Hapvida (HAPV3) registrou 58 mil adições líquidas orgânicas, revertendo a perda de 70 mil no trimestre anterior. Além disso, o ticket médio subiu 1,8%.
Essa combinação — crescimento na base de beneficiários aliado ao aumento no ticket — é rara no setor, o que coloca a empresa em vantagem competitiva frente aos concorrentes.
Novo foco comercial e otimização da operação
De acordo com o BTG, a companhia está reformulando sua estratégia comercial, com medidas que incluem:
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Portfólio de planos mais simples
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Relacionamento mais próximo com corretores
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Esquemas de remuneração revisados
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Maior governança nas vendas
Além disso, a empresa possui um pipeline corporativo robusto e vem ajustando seus produtos voltados para pequenas e médias empresas (PMEs) a fim de recuperar competitividade.
Segundo os analistas, o próprio CEO Jorge Pinheiro destacou que cerca de 40% de sua agenda atual está dedicada às iniciativas comerciais, o que marca uma mudança de foco em relação aos anos anteriores, quando a prioridade era a integração das operações após aquisições.
Expansão da rede e iniciativas de eficiência
Outro pilar importante da estratégia da Hapvida (HAPV3) é a expansão da rede própria de hospitais e clínicas. Os projetos em andamento incluem:
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Quatro novos hospitais em São Paulo
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Duas unidades premium de alta complexidade
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Um plano de verticalização no Rio de Janeiro com um hospital âncora e unidades menores de apoio
Nos demais mercados, a empresa aposta em retrofits ou imóveis alugados, o que acelera a expansão com menor custo inicial.
Além disso, a Hapvida (HAPV3) já tem em andamento mais de 100 iniciativas de eficiência operacional, com destaque para o uso de automação e inteligência artificial em áreas administrativas e assistenciais.