O mercado adora uma boa história — e a Oncoclínicas (ONCO3) virou protagonista de uma trama que mistura aumento de participação, possível OPA e uma guerra silenciosa nos bastidores. Desde fevereiro a ação já triplicou de valor. Armadilha ou oportunidade? Inscreva-se na newsletter para acompanhar essa e outras histórias.
Em novembro de 2024, a gestora Centaurus aumentou sua participação na Oncoclínicas (ONCO3), uma das maiores redes de tratamento de câncer da América Latina, com clínicas e hospitais de alta complexidade. Esse aumento se deu através de uma reorganização entre fundos da Goldman Sachs que estruturou uma operação financeira por meio da qual a Centaurus passou a deter 15,79% da empresa. O Goldman ficou com 4,95% por meio do Fundo Josephina II.
Em 24 de março de 2025, a Goldman informou uma nova reestruturação em que cedeu mais 15,89% de participação ao fundo Josephina III da Centaurus.
Mas o aumento de posição da Centaurus acendeu um alerta e fez investidores enxergarem uma grande oportunidade de ganhar dinheiro.
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Em meados de fevereiro a Latache Capital (gestora especializada em ativos estressados) começou a comprar ações e o preço começou a subir. Movimento que foi intensificado pela quantidade de shorts (vendidos) que tiveram que recomprar o papel. Em pouco tempo a ação saiu de R$ 2 para R$ 6 reais e vem negociando nessa faixa desde final de fevereiro.
A tese de quem tem comprado é que com a reestruturação, o fundo Centaurus passou a ter mais de 15% da empresa. E pelo estatuto da empresa, quem adquirir mais de 15% das ações deve chamar uma OPA (Oferta pública de aquisição de ações) em até 60 dias.
E qual seria esse preço que deveria ser ofertado aos minoritários? Vejamos o que diz o estatuto da empresa:
Visto que houve um aumento de capital a 13 reais em maio do ano passado, eu entendo que o preço de uma eventual OPA deveria ser de R$ 15,60 (120% de 13). Ao contrário de alguns sites que estão divulgando que deveria ser de 120% sobre o maior preço dos últimos 12 meses.
Argumento da defesa
A Centaurus alega que já era acionista antes, através dos fundos do Goldman Sachs. A empresa alegou que, por se tratar de uma reorganização dentro do mesmo grupo econômico, essa obrigação (de oferta pública) não se aplicaria.
O caso já está na CVM a ser analisado.
Enquanto isso, investidores das mais diversas naturezas têm feito suas apostas.
Como podemos ver na imagem acima, ONCO3 apareceu como a segunda ação mais termada da bolsa em 25/4/2025. O papel tem marcado presença constante nesse gráfico em vários pregões das últimas semanas.
Ao analisar as últimas compras desde que o papel começou sua arrancada em fevereiro, podemos ver que poucas corretoras concentraram a grande maioria das compras feitas. Enquanto as vendas se dividiram entre muitos players, as compras estão concentradas. Mais de 44 milhões de ações foram compradas só através de corretora Ativa nos últimos 2 meses e meio.
Depois de todas essas movimentações, a atual estrutura acionária divulgada pela empresa é:
Me parece que nessa disputa temos Goldman Sachs e Centaurus de um lado representados pelos fundos ‘‘Josephina’’. Master, Latache e Bruno Ferrari, o CEO e fundador da empresa de outro. Lembrando que tanto Bruno quanto o banco Master, compraram a ação a 13 reais ano passado.
Agora está nas mãos da CVM. Vamos ver como a comissão vai entender os movimentos recentes da Goldman e Centaurus. Para nós investidores basta analisar, estudar e decidir se vale a pena ou não entrar nesse barco. Lembre-se que existe o risco do regulador não enxergar a necessidade de uma oferta ou então o risco de que a cláusula de ‘poison pill3’ seja excluída do estatuto através de assembleia.
Lembre-se que é um papel que está com uma volatilidade excepcional, com sucessivos leilões durante o pregão. Caso se interesse, vá a fundo, leia o estatuto, estude as partes e procure tomar uma decisão minimamente embasada.
Até a próxima.
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