A Gerdau (GGBR4) voltou ao centro das atenções do mercado após o Investor Day, realizado em 1º de outubro de 2025. A siderúrgica anunciou uma redução de 22% no capex (investimentos) projetado para 2026, o que levantou discussões entre analistas sobre a possibilidade de aumento no pagamento de dividendos. Apesar da expectativa dos investidores, especialistas de bancos e corretoras avaliam que a queda nos investimentos não será suficiente para liberar um fluxo de caixa mais robusto aos acionistas.
Projeção de investimentos e prioridades da Gerdau
A companhia prevê desembolsar R$ 4,7 bilhões em 2026, sendo 62% destinados à manutenção de ativos e 38% para expansão. Entre os projetos estratégicos, destacam-se:
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Expansão da usina de Midlothian, na América do Norte.
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Construção de um centro de reciclagem em Pindamonhangaba (SP), reforçando o modelo de economia circular.
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Projeto de mineração sustentável em Miguel Burnier (MG), que inicia obras no quarto trimestre de 2025 e terá aceleração em 2026.
Segundo executivos, a prioridade é manter a eficiência operacional e sustentar iniciativas ligadas à sustentabilidade e ao mercado norte-americano, considerado estratégico.
Dividendos: devem aumentar ou não?
Para a Genial Investimentos, a redução de capex não significa um salto expressivo nos dividendos. No 2º trimestre de 2025, a Gerdau entregou retorno de apenas 3%, número criticado por parte dos investidores. Porém, ao incluir o programa de recompra de ações, o yield total sobe para 6%.
“Acreditamos que o dividend yield de 2026 ficará em torno de 4%, mas o efeito combinado das recompras pode elevar esse retorno para 7% a 8%, dependendo do preço das ações”, afirmaram os analistas Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza.
O Safra compartilha visão semelhante, projetando 3,4% em dividendos para 2026 e 4,3% para 2027, com reforço no impacto positivo da recompra de ações.
Já o BTG Pactual estima dividendos de 4,1% em 2026 e 4,5% em 2027, mas pondera que os programas de recompra seguem sendo uma alocação de capital eficiente, especialmente em momentos em que o papel está descontado.
Brasil: importações pressionam margens
No mercado doméstico, a Gerdau enfrenta desafios. As importações de aço aumentaram em 2025, mesmo com o sistema de cotas tarifárias. Essa concorrência tem pressionado os preços e forçado empresas locais a buscarem maior eficiência.
O analista Ricardo Monegaglia, do Safra, explica que “a companhia aposta em redução de custos e eficiência operacional para manter competitividade no Brasil, mas o cenário segue desafiador, especialmente no setor de construção civil”.
EUA: tarifas de Trump beneficiam a Gerdau
Em contrapartida, no mercado norte-americano, a empresa se beneficia da política de tarifas implementada pelo presidente Donald Trump, que favorece fabricantes locais. Isso reforça a competitividade da Gerdau nos EUA, já que rivais estrangeiros sofrem com preços mais altos devido às tarifas.
Além disso, há otimismo em relação a setores de data centers e energia renovável, que devem impulsionar a demanda por aço de alta qualidade. “O projeto de Midlothian posiciona bem a Gerdau para capturar esses ventos favoráveis”, afirmaram Leonardo Correa e Marcelo Arazi, do BTG.
Recomendações e preço-alvo para GGBR4
Os analistas seguem otimistas com GGBR4:
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BTG Pactual: recomendação de compra, preço-alvo de R$ 20,00 (potencial de 16,5%).
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Genial Investimentos: recomendação de compra, preço-alvo elevado para R$ 20,50 (potencial de 19,4%).
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Safra: recomendação de compra, preço-alvo de R$ 20,90 (potencial de 21,7%).
Segundo eles, apesar da pressão no Brasil, o desempenho da companhia nos EUA e o foco em setores de alta demanda sustentam a tese de valorização.
Dividendos limitados, mas perspectiva positiva
A Gerdau (GGBR4) se encontra em um “cabo de guerra” entre fatores positivos e negativos:
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Negativos: pressão por importações no Brasil, dividendos considerados baixos e desafios regulatórios.
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Positivos: forte presença nos EUA, benefícios das tarifas de importação, eficiência operacional e crescimento em mercados como energia limpa e data centers.
Embora os dividendos não devam crescer de forma explosiva, os programas de recompra de ações podem elevar o retorno total ao investidor. Para quem busca exposição ao setor siderúrgico, os analistas veem a Gerdau como uma opção sólida, com potencial de valorização acima de 15% no curto e médio prazo.