O anúncio do fechamento de fábrica da Gerdau em Pindamonhangaba (SP), especificamente do setor de cilindros, até o final de 2025, trouxe forte mobilização entre os cerca de 400 trabalhadores diretamente impactados. A decisão, inicialmente vista como um movimento de demissões em massa, gerou greve por tempo indeterminado e acendeu alertas sobre os impactos sociais e econômicos na região do Vale do Paraíba.
Após rodadas de negociações entre empresa e sindicato, o número de cortes foi reduzido pela metade. Além disso, foram estabelecidas novas garantias trabalhistas, como Plano de Demissão Incentivada (PDI) com compensações financeiras, reajuste salarial de 6,4% e aumento no vale-alimentação. Também ficou acordada a estabilidade dos empregados até dezembro.
Indústria estratégica em crise
O setor de cilindros é considerado estratégico para siderúrgicas e também para o setor automotivo. A Gerdau, no entanto, justificou o fechamento da fábrica alegando margens de lucro inadequadas e dificuldades de competitividade.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a decisão é “irresponsável”, ainda mais em um período de campanha salarial, e reflete a pressão do mercado internacional. A entrada do aço chinês a preços mais baixos e as tarifas de proteção dos EUA tornam a concorrência ainda mais desafiadora para empresas brasileiras.
Além dos cortes diretos, a reestruturação impacta fornecedores, prestadores de serviços e toda a cadeia econômica regional.
Greve como instrumento de pressão
A greve de dois dias realizada pelos trabalhadores abriu espaço para conquistas importantes. André Oliveira, presidente do sindicato, comemorou os avanços:
“É uma vitória construída com adesão total dos trabalhadores. Vamos seguir negociando para reduzir ainda mais as demissões e buscar a recolocação em outras fábricas.”
O episódio revela não apenas a tensão entre capital e trabalho em meio a mudanças industriais, mas também a importância da mobilização coletiva para garantir direitos em momentos de crise.