Nesta segunda-feira, dados divulgados pelo escritório federal de estatísticas revelaram uma queda nas exportações alemãs em dezembro, superando as expectativas, devido à fraca demanda global. Esses números ressaltam as preocupações em relação à saúde da maior economia da Europa, que enfrenta o risco de entrar em recessão.
A Alemanha enfrentou desafios significativos no início deste ano, com as exportações despencando, protestos nacionais de agricultores, greves prolongadas de maquinistas e debates intensos entre os membros da coalizão sobre estratégias para impulsionar o crescimento econômico.
O economista-chefe para a zona euro da Pantheon Macroeconomics, Claus Vistesen, comentou: “Estes são números recessivos, consistentes com as difíceis condições econômicas globais que a economia alemã está enfrentando”.
As exportações registraram uma queda de 4,6% em dezembro em comparação com o mês anterior, surpreendendo as expectativas que previam uma redução de 2,0%, de acordo com uma pesquisa da Reuters. As exportações para países da União Europeia diminuíram 5,5%, enquanto para países fora da UE, a queda foi de 3,5%, conforme divulgado pelo escritório de estatísticas.
As importações também apresentaram uma queda significativa, registrando uma redução de 6,7% em relação a novembro, contrariando as expectativas dos analistas, que projetavam um declínio de 1,5%.
Em relação ao comércio exterior, a Alemanha apresentou um superávit ajustado de calendário e sazonalidade de 22,2 bilhões de euros em dezembro, em comparação com os 20,8 bilhões de euros do mês anterior.
O enfraquecimento da economia alemã é motivo de preocupação para os países da Europa Central que dependem fortemente das exportações. A OCDE reduziu pela metade sua previsão de crescimento do PIB alemão para 2024, agora estimando um aumento de apenas 0,3%. Em contraste, França, Itália e Espanha são esperados para apresentar um desempenho mais robusto.
A recessão se torna uma ameaça real, com o PIB alemão contraindo 0,3% no quarto trimestre em comparação com o trimestre anterior, levando os economistas a emitirem alertas sobre a possibilidade de uma recessão iminente.
A desaceleração na Alemanha está impactando negativamente a zona do euro, com as perspectivas econômicas para o bloco agora reduzidas de 0,9% para 0,6%, indicando uma recuperação mais lenta do que o esperado. A dependência da Alemanha da indústria intensiva em energia e das importações de energia russa contribuem para a fragilidade da economia alemã diante do cenário global.
O setor exportador alemão enfrenta um ambiente turvo, com a maioria das indústrias prevendo uma diminuição nas exportações nos próximos meses. O índice Ifo de expectativas de exportação caiu para -8,4 pontos em janeiro, destacando a necessidade de novos estímulos para os exportadores alemães.
Pequenas e médias empresas alemãs, especialmente afetadas por aumentos de custos, baixa demanda e taxas de juros elevadas, estão enfrentando um deterioramento contínuo em seu sentimento, de acordo com o Barômetro PME KfW-Ifo.
A fraqueza na demanda global também atinge a indústria transformadora, com quase 37% das empresas industriais relatando falta de encomendas em janeiro. O setor de serviços também não está imune, com a atividade empresarial registrando uma contração mais rápida em janeiro devido à fraqueza na demanda.
A Vodafone, em sua declaração comercial, destacou o desacelerado crescimento das receitas de serviços na Alemanha no terceiro trimestre, indicando a extensão da desaceleração econômica no país.