Em tempos de incerteza, os mercados reagem com força. E no caso do Brasil, o impacto já é evidente. Entre os dias 2 e 10 de abril de 2025, as empresas da B3 perdem impressionantes R$ 141,8 bilhões em valor de mercado, de acordo com levantamento da consultoria Elos Ayta. A cifra chama atenção não só pelo volume expressivo, mas também por representar quase 3,5% da capitalização total da bolsa no início do mês, que era de R$ 4,22 trilhões. Ao fim do dia 10, a B3 estava avaliada em R$ 4,08 trilhões.
Essa forte desvalorização coincide com o avanço da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que vem gerando aversão global ao risco. Para investidores atentos, a leitura é clara: o ambiente externo conturbado pressiona as ações brasileiras — especialmente de grandes empresas exportadoras, fortemente expostas ao mercado internacional.
Petrobras: a principal responsável pela derrocada
A gigante Petrobras foi o destaque negativo absoluto do período. A estatal perdeu R$ 88,7 bilhões em valor de mercado, o equivalente a mais de 62% da queda total da B3. Com isso, a petroleira passou a valer R$ 417,6 bilhões — patamar que não era visto desde agosto de 2023.
O desempenho fraco da Petrobras reflete múltiplos fatores: a queda recente no preço do petróleo, que se aproximou dos US$ 60/barril; a tensão gerada pela política de preços da companhia; e a incerteza sobre possíveis intervenções governamentais. Além disso, o temor de uma recessão global alimentada pela guerra tarifária entre Trump e Pequim pesa sobre os papéis do setor de energia.
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Empresas da B3 perdem: Vale e PetroRio também sofrem
Outra gigante brasileira, a Vale, também sentiu o baque. A mineradora perdeu R$ 17,7 bilhões em valor de mercado, mesmo com leve recuperação de 1,8% em seus papéis no pregão do dia 10. A capitalização da empresa caiu para R$ 225,3 bilhões. A queda no preço do minério de ferro e preocupações com a desaceleração da demanda chinesa ajudam a explicar o movimento.
A PetroRio, voltada à exploração de petróleo, perdeu R$ 5,5 bilhões e viu seu valor de mercado encolher para R$ 27 bilhões. A companhia, assim como a Petrobras, sofre com os preços da commodity e a instabilidade política.
Impacto generalizado atinge bancos e indústria
O setor bancário e industrial não ficou de fora. O Banco do Brasil viu seu valor de mercado cair R$ 4,5 bilhões. A Gerdau, importante nome da siderurgia nacional, perdeu quase R$ 3,5 bilhões. E até a Tim, operadora de telefonia, registrou uma perda de R$ 2,6 bilhões.
Empresas que vinham apresentando bom desempenho no ano, como Embraer e Santander Brasil, também não escaparam dos ajustes. Segundo a Elos Ayta, as dez empresas mais afetadas foram responsáveis por R$ 133,5 bilhões — 94% de toda a perda da bolsa no período analisado.
Ranking das maiores perdas
Empresas da B3 perdem valor de mercado, Veja o ranking das companhias com maiores desvalorizações de 2 a 10 de abril:
Empresa | Perda (R$ bilhões) | Valor final (R$ bilhões) |
---|---|---|
Petrobras | 88,7 | 417,6 |
Vale | 17,7 | 225,3 |
PetroRio | 5,5 | 27,0 |
Banco do Brasil | 4,5 | — |
Gerdau | 3,5 | — |
Tim | 2,6 | — |
Outras empresas | 19,3 | — |
Total | 141,8 | — |
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O que esperar daqui para frente?
O cenário externo deve continuar influenciando fortemente os rumos da B3 nas próximas semanas. O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos, especialmente contra a China, e as retaliações subsequentes mantêm o ambiente de incerteza elevado.
Analistas do mercado alertam que, enquanto não houver uma sinalização clara de trégua na guerra comercial, os investidores devem adotar posturas mais defensivas, o que pode continuar pressionando ações de empresas exportadoras e cíclicas.
Apesar disso, algumas oportunidades podem surgir. Ações com fundamentos sólidos e bom potencial de crescimento no longo prazo podem ficar “baratas” em meio à turbulência, abrindo espaço para compras estratégicas. A cautela continua sendo o nome do jogo.