Por que o dólar bateu recorde na Argentina?

O dólar na Argentina bateu recorde em julho de 2025. Entenda as razões políticas e econômicas por trás da alta.
dólar na Argentina

Em julho de 2025, o dólar na Argentina superou a marca de 1.325 pesos no mercado oficial, o maior valor já registrado. Esse novo patamar cambial reflete uma série de fatores econômicos e políticos que impactam diretamente a confiança dos investidores e a população argentina. A liberalização cambial promovida pelo governo Javier Milei, a persistência da inflação e as tensões políticas em torno das eleições legislativas são os principais vetores por trás dessa disparada do dólar.

Liberalização cambial e impacto imediato no dólar na Argentina

O presidente Javier Milei iniciou uma série de reformas liberais em abril de 2025. Uma das principais foi o fim do “cepo cambial”, o conjunto de restrições que limitava o acesso da população e das ao dólar. Com essa mudança, houve um aumento significativo na oferta de pesos no mercado e, consequentemente, uma forte demanda por dólares, que se tornaram o principal instrumento de proteção contra a desvalorização cambial.

Publicidade: Banner Header Padrão

De acordo com o , essa mudança no regime cambial era necessária para restaurar a confiança no sistema financeiro argentino, mas gerou um choque de liquidez que contribuiu para a valorização acelerada da moeda americana no país.

🚨 Entenda se sair do Brasil é o melhor caminho. Baixe grátis

Economia argentina tenta resistir: inflação desacelera e PIB cresce

Mesmo com a alta do dólar na Argentina, há sinais de estabilização econômica. O Produto Interno Bruto () cresceu 5% até maio de 2025 e a inflação foi controlada em torno de 1,5% ao mês — os melhores números desde 2020. Segundo o JP Morgan, esses resultados decorrem da disciplina fiscal imposta por Milei, combinada com a reestruturação dos .

O FMI reforça a visão de que a Argentina está avançando em direção a um modelo econômico mais sustentável, com reformas fiscais que começam a dar frutos. No entanto, o Fundo adverte que a continuidade dessas medidas será essencial para consolidar a confiança dos mercados.

Exportações crescem, mas peso ainda sobrevalorizado

Outro fator que sustenta a economia é o crescimento nas exportações de commodities, como petróleo, litium e . Esses produtos garantem saldo positivo na balança comercial, o que ajuda a reduzir a pressão sobre as reservas internacionais. Mesmo assim, analistas alertam que o peso ainda apresenta sinais de sobrevalorização em relação ao dólar, prejudicando a competitividade das exportações no médio prazo.

Eleições legislativas elevam demanda por dólar na Argentina

A incerteza política com as eleições legislativas de outubro é mais um fator que impulsiona o dólar na Argentina. O governo Milei busca formar maioria no Congresso para avançar com reformas estruturais. Por outro lado, a oposição peronista ainda fragmentada tenta se reorganizar após a condenação judicial de Cristina Kirchner.

Esse cenário de instabilidade leva investidores e a população a buscar o dólar como proteção. Com receio de mudanças na política econômica, o dólar se torna o refúgio preferido em meio à .

Visões do FMI, JP Morgan e Goldman Sachs sobre o dólar na Argentina

Os principais bancos e instituições internacionais têm avaliações distintas sobre o momento atual:

  • FMI: destaca os avanços fiscais, mas alerta que a liberalização precisa ser acompanhada de políticas monetárias rigorosas.
  • JP Morgan: vê a alta do dólar como parte de um “ajuste técnico” necessário após anos de distorções no câmbio.
  • Goldman Sachs: adota tom mais cauteloso, afirmando que o risco inflacionário ainda é alto e que o governo precisa ampliar as reformas para evitar uma nova cambial.

O dólar como reflexo de choques e expectativas

Os analistas concordam que a recente valorização do dólar na Argentina é um reflexo de choques estruturais, mas também das expectativas do mercado. O câmbio não é apenas resultado de oferta e demanda, mas também de percepções sobre o futuro do país.

A liberalização do mercado cambial foi bem recebida, mas precisa ser acompanhada por estabilidade fiscal, responsável e previsibilidade regulatória. Sem isso, o câmbio pode continuar volátil, mesmo com fundamentos econômicos em melhora.

Milei em xeque: eleições podem frear ou acelerar reformas

A grande dúvida é se o governo Milei conseguirá aprovar as reformas estruturais prometidas. As eleições legislativas são decisivas. Se Milei conquistar maioria, poderá avançar com medidas como independência do Banco Central, privatizações e reforma tributária.

Por outro lado, se a oposição ganhar força, os projetos podem ser bloqueados, aumentando o risco fiscal e pressionando ainda mais o dólar na Argentina. Nesse contexto, a volatilidade cambial tende a persistir até que o novo Congresso esteja formado e se estabeleça uma direção clara da política econômica.

Expectativas para o câmbio nos próximos meses

A expectativa é que o dólar na Argentina se estabilize em um novo patamar, desde que o governo mantenha o rumo das reformas e consiga apoio político suficiente. Caso contrário, o risco é de nova fuga de capitais e retomada da inflação.

Segundo a Aurora Macro Strategies, o governo precisará reforçar a credibilidade das instituições, diversificar a base produtiva do país e reduzir a dependência das commodities para garantir estabilidade de longo prazo. Caso contrário, o dólar continuará sendo um termômetro da confiança — ou da falta dela — no futuro da Argentina.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicidade: Banner Post -Sala Vip – Cartão Black

Últimas Noticias

Assine nossa newsletter

Esteja um passo à frente. Receba em primeira mão as notícias que movem o mercado e a sociedade, direto no seu WhatsApp e e-mail.