No Brasil, no primeiro trimestre de 2024, o preço da arroba do boi gordo sofreu uma queda acentuada, com projeções ainda mais negativas para o segundo trimestre, conforme indicado pelo analista e consultor da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, durante a 7ª edição do Safras Agri Week, realizada nesta quarta-feira (27).
Iglesias recomendou que os pecuaristas adotem medidas de proteção para o segundo trimestre deste ano, prevendo uma provável diminuição nos preços do mercado. Ele explicou que o aumento significativo no número de fêmeas disponíveis no primeiro trimestre contribuiu para a redução dos preços da arroba do boi em todo o país, enquanto os preços de reposição e de bezerros permaneceram atrativos.
Para os envolvidos na engorda, Iglesias enfatizou a importância de considerar a aquisição de reposição, aproveitando a relação de troca favorável e investindo neste momento. Ele alertou que o expressivo descarte de fêmeas terá impactos a médio e longo prazo, com os preços dos bezerros provavelmente não permanecendo tão baixos a partir do segundo trimestre e em 2025.
Durante o primeiro trimestre, a redução do poder de compra dos consumidores levou-os a migrar para proteínas mais acessíveis, como frango e suínos, exercendo pressão sobre os preços da carne bovina e dificultando o escoamento.
Iglesias também destacou oportunidades no cenário da nutrição animal, com diversas alternativas no mercado oferecendo preços mais baixos. Ele ressaltou que embora o custo do confinamento esteja relativamente baixo no Brasil, uma potencial queda nos futuros da B3 poderia tornar o confinamento menos atraente, influenciando o comportamento dos produtores.
O analista espera que o Brasil registre um volume recorde de abate e produção em 2024, com um aumento significativo no nível de abate em fevereiro em comparação com o mesmo período de 2023. No entanto, ele observou que a disponibilidade interna deve diminuir.
Quanto ao mercado internacional, Iglesias destacou o papel crucial da China nas importações de carne bovina do Brasil, enfatizando a importância de uma situação estável na gigante asiática para o desempenho econômico do Brasil. Ele explicou os desafios enfrentados pela China em relação à inflação e à desvalorização da moeda, e como isso afeta as importações globais de commodities, incluindo carne bovina.