A dívida pública brasileira em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) aumentou para 75,0% em janeiro, apesar de um superávit primário nas contas públicas impulsionado por despesas com juros, conforme indicado por dados divulgados pelo banco central na quinta-feira.
O acréscimo de 0,7 ponto percentual na dívida bruta em comparação com o mês anterior foi principalmente atribuído ao impacto dos juros nominais acumulados, totalizando 79,9 bilhões de reais (US$ 16 bilhões), um aumento de 52,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Este aumento foi especialmente influenciado pelas operações de swap cambial, resultando em uma perda de 10 bilhões de reais, em contraste com um ganho de 16,1 bilhões de reais em janeiro de 2023, afirmou o banco central.
Os encargos com juros também foram afetados pelo aumento do estoque da dívida e custos associados.
Apesar do banco central ter reduzido as taxas de juros em 250 pontos base desde o início do ciclo de flexibilização monetária em agosto, a taxa Selic de referência permanece alta em 11,25%, em comparação com uma inflação anual de 4,49%.
Ao longo de 12 meses, as despesas com juros representaram 6,82% do PIB, marcando o patamar mais elevado desde junho de 2017.
Dados do banco central também mostraram que o setor público brasileiro alcançou um superávit primário de 102,146 bilhões de reais (20,66 bilhões de dólares) no mês, superando os 99,45 bilhões de reais previstos em uma pesquisa da Reuters.
Esse resultado, impulsionado pelo aumento da receita pública com a retomada dos impostos federais sobre a gasolina e um novo sistema de tributação sobre os fundos de investimento fechados, se aproximou do superávit de 99 bilhões de reais registrado pelo setor público no mesmo mês do ano anterior.
No entanto, ao longo de 12 meses, as contas públicas permaneceram deficitárias, com um déficit primário correspondente a 2,25% do PIB. O déficit nominal, que inclui despesas com juros, atingiu 9,06% do PIB, sinalizando uma deterioração fiscal significativa.