Os ativos de risco brasileiros têm enfrentado dificuldades nos últimos meses, com os investidores cada vez mais preocupados com a trajetória da dívida pública e a sustentabilidade do arcabouço fiscal do país. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, herdou uma dívida bruta elevada e enfrenta o desafio de implementar ajustes fiscais estruturais em meio a um ambiente político complexo e polarizado.
O Nível de Dívida: Um Início Desafiador
O Desafio Central no Brasil do Lula começa com o alto nível inicial da dívida pública. O presidente iniciou seu mandato com uma dívida bruta de 72% do PIB, significativamente maior que os 53% observados no início do governo Dilma Rousseff. Medidas aprovadas no início de sua gestão elevaram os gastos em 1,7% do PIB, aumentando ainda mais as preocupações do mercado.
Projeções indicam que a dívida pública pode chegar a 84% do PIB até o final do mandato de Lula, o que representa uma expansão de 12 pontos percentuais. Em comparação com países como México (50%), Chile (40%) e Colômbia (54%), o Brasil se encontra em uma posição desvantajosa. Sustentar esse nível de dívida, especialmente com taxas de juros reais próximas de 7%, cria um cenário de alto prêmio de risco e pressões fiscais crescentes.
Preocupações com o Arcabouço Fiscal
O mercado financeiro está monotemático, com atenção quase exclusiva às questões fiscais. Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha sinalizado esforços para implementar cortes de gastos, a falta de apoio político para medidas mais estruturais limita o alcance das iniciativas do governo.
Para restaurar a confiança do mercado, o governo precisará adotar políticas que reduzam o déficit nominal, atualmente projetado para ultrapassar 8% do PIB. Além disso, estabilizar a trajetória da dívida será essencial para evitar uma espiral de aumento de juros e desvalorização de ativos.
Aspectos Relativamente Melhores no Cenário Atual
Apesar dos desafios fiscais, a economia brasileira apresenta fundamentos mais sólidos em algumas áreas em comparação com o período Dilma. A inflação, que chegou a ultrapassar 10% naquela época, está atualmente na faixa de 4,5% a 5%. Embora ainda distante da meta de 3%, esses níveis indicam que a inflação está relativamente controlada.
O crescimento do PIB, projetado em 3% para 2024, também é um ponto positivo. No entanto, economistas alertam que esse crescimento pode não ser sustentável em 2025, especialmente em um ambiente de condições financeiras mais restritivas.
No âmbito externo, o superávit comercial do Brasil atingiu US$ 70 bilhões, uma melhora significativa em relação aos anos anteriores. Esse resultado reflete a resiliência do setor exportador e uma balança de pagamentos mais equilibrada.
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O Papel Reduzido do BNDES e o Desempenho das Estatais
Outro ponto positivo é o papel menor desempenhado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). As concessões de crédito do banco representam cerca de 1% do PIB, um nível consideravelmente mais baixo que os 10% observados durante o governo Dilma.
As estatais, por sua vez, estão em uma posição mais sólida, com endividamento reduzido e rentabilidade aumentada. A Petrobras, por exemplo, apresenta uma alavancagem de 0,9x, contra mais de 4x anteriormente. Já o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal têm registrado lucros significativamente superiores aos observados na década passada.
Risco e Confiança: Um Cenário Binário
O cenário atual para os investidores é descrito como binário: ou o governo implementa as medidas necessárias para restaurar a confiança, ou o mercado enfrentará mais decepções. Cortes de gastos significativos e a credibilidade do teto fiscal serão cruciais para estabilizar o sentimento.
Caso o governo falhe em entregar resultados, as consequências podem incluir uma nova queda no mercado de ações, aumento da inflação e dos juros, além de uma desaceleração econômica mais severa.
Por outro lado, um esforço coordenado para conter o crescimento da dívida e atingir superávits primários nos próximos anos poderia reverter o quadro, fortalecendo a posição do Brasil no cenário internacional e atraindo novos investimentos.
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