Os últimos dados divulgados pelo Ministério de Assuntos Internos e Comunicações revelam que o núcleo da inflação ao consumidor no Japão registrou uma desaceleração pelo terceiro mês consecutivo em janeiro. Apesar disso, o índice superou as expectativas, mantendo-se na meta de 2% estabelecida pelo banco central. Esses números mantêm viva a expectativa de que o banco acabará com as taxas de juros negativas até abril.
O aumento de 2,0% no núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi mais lento em comparação com o aumento de 2,3% observado em dezembro. Analistas destacam que essa desaceleração está ligada à diminuição da inflação de custos devido à redução nos custos de energia, impulsionada pelos efeitos de base do forte aumento do ano anterior e pelos subsídios governamentais. No entanto, o ganho superou as previsões do mercado, o que reforça a expectativa de grandes aumentos salariais nas negociações salariais previstas para março.
Marcel Thieliant, da Capital Economics, ressalta que os resultados preliminares dessas negociações salariais podem influenciar a decisão do Banco do Japão em sua próxima reunião em março. Enquanto alguns analistas sugerem a possibilidade de um aumento na taxa diretora já em março, outros consideram mais provável que isso ocorra em abril, quando a inflação pode se mostrar mais forte.
O índice “núcleo”, que exclui os preços dos alimentos frescos e da energia, subiu 3,5% em termos anuais em janeiro, demonstrando uma tendência contínua de aumento dos preços. Analistas apontam que o desafio futuro será garantir que os aumentos salariais acompanhem a inflação, garantindo assim o poder de compra das famílias e sustentando a inflação dentro da meta de 2% do Banco do Japão.
Izuru Kato, economista-chefe da Totan Research, destaca que os dados atuais não devem impedir o Banco do Japão de avançar com seu plano de acabar com as taxas negativas, previsto para abril. No entanto, ele ressalta a necessidade de equilibrar essa medida diante do fraco crescimento econômico e do consumo privado, além da situação semelhante à estagflação criada pelo enfraquecimento do iene.