Demissões em massa e suspensão de contratos: tarifaço já afeta mais de 3,1 mil trabalhadores de indústrias

Demissões em massa atingem indústrias do Paraná após tarifaço de Trump. Mais de 3,1 mil trabalhadores já foram impactados por cortes e paralisações.
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As demissões em massa já são realidade em pelo menos quatro grandes indústrias do Paraná, diretamente impactadas pela tarifa de 50% imposta pelo de Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. Desde julho, quando a medida foi anunciada, companhias ligadas ao setor madeireiro vêm suspendendo contratos, concedendo férias coletivas e reduzindo operações, afetando mais de 3,1 mil trabalhadores.

Tarifaço de 50% gera colapso no setor exportador

O decreto assinado por entrou em vigor em 6 de agosto e elevou a alíquota de importação sobre produtos brasileiros de forma abrupta. Embora houvesse 700 exceções estratégicas — como aeronáutica, energia e parte do agronegócio — o setor madeireiro, crucial para a economia paranaense, ficou de fora.

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O impacto foi imediato: contratos foram suspensos, pedidos cancelados e unidades inteiras paralisadas. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o estado exportou US$ 1,58 bilhão aos em 2024, sendo que mais de US$ 1,19 bilhão vieram justamente de segmentos agora atingidos pelo tarifaço.

Sudati: 100 demissões e alerta de crise

A indústria Sudati, com fábricas em Ventania e Telêmaco Borba, foi uma das primeiras a anunciar cortes. Em julho, comunicou a dispensa de 100 funcionários, dentro de um cronograma de 60 dias. A empresa, que empregava cerca de 2,8 mil pessoas no total, informou que outras unidades em diferentes cidades não seriam afetadas de imediato.

Ainda assim, a medida acendeu o alerta vermelho entre trabalhadores e prefeituras, já que a companhia é responsável por significativa parte da arrecadação tributária local.

Millpar fecha planta em Quedas do Iguaçu

O caso mais drástico ocorreu com a Millpar, que encerrou completamente as atividades em sua unidade de Quedas do Iguaçu e realizou demissões em massa também em Guarapuava. Antes do fechamento, a empresa havia colocado 640 trabalhadores em férias coletivas e, em seguida, mais 80 funcionários foram afastados.

Com cerca de 1,1 mil empregados nas duas cidades, a Millpar optou por suspender a produção diante do colapso nas , já que a dependência do era elevada.

Randa paralisa fábrica em Bituruna

Outra gigante afetada foi a Randa, em Bituruna, que anunciou férias coletivas para todos os seus 800 trabalhadores no início de agosto. A empresa revelou que 55% da produção era destinada aos EUA e que todos os pedidos foram cancelados após a entrada em vigor da tarifa de 50%.

Sem alternativas imediatas de escoamento da produção, a fábrica opera com mínima atividade administrativa e aguarda desdobramentos das negociações entre Brasil e Estados Unidos.

BrasPine: 400 demitidos e 1,1 mil em layoff

A BrasPine, em Jaguariaíva e Telêmaco Borba, anunciou na última semana a demissão de 400 trabalhadores e a inclusão de 1,1 mil funcionários em regime de layoff, recurso legal que permite suspensão temporária de contratos ou redução de jornada e salários.

Em julho, a empresa já havia colocado 700 empregados em férias coletivas, número que foi ampliado para 1,5 mil pessoas dias depois. No total, cerca de 2 mil famílias foram diretamente afetadas.

Impacto social nas pequenas cidades

As consequências das demissões em massa vão além dos muros das fábricas. Em Jaguariaíva, por exemplo, a BrasPine empregava cerca de 25% dos trabalhadores com carteira assinada. A prefeitura prevê queda de 20% na arrecadação municipal, o que já levou ao corte de , incluindo o orçamento da festa de aniversário de 202 anos da cidade.

Em outras localidades, comerciantes relatam queda no movimento e aumento da insegurança financeira das famílias, que dependem diretamente da cadeia da madeira para sobreviver.

Resposta dos governos

O governo federal anunciou, em 13 de agosto, um pacote emergencial de R$ 30 bilhões em crédito e flexibilização de impostos para tentar aliviar o impacto nas exportadoras. O governo do Paraná, por sua vez, lançou linhas de crédito especiais em 25 de julho, antes mesmo da entrada em vigor do tarifaço.

Apesar das medidas, representantes do setor afirmam que as soluções ainda são paliativas. A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) destacou em nota que as negociações com os EUA são fundamentais e que pacotes de crédito não resolvem a crise estrutural.

O peso do setor madeireiro no Paraná

De acordo com a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o estado é um dos maiores exportadores de madeira e derivados para os EUA. O setor gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos, entre atividades florestais e industriais.

Em 2024, foram exportados mais de US$ 627 milhões em produtos florestais como painéis compensados, madeira serrada, molduras e celulose. A tarifa de Trump, portanto, atinge o coração da economia local.

O que esperar nos próximos meses

Analistas avaliam que, caso as negociações diplomáticas não avancem, novas demissões em massa devem ocorrer. Empresas menores, com menos fôlego financeiro, já enfrentam dificuldades para manter operações básicas.

Ao mesmo tempo, cresce a pressão sobre o governo brasileiro para tentar negociar a exclusão de determinados segmentos da lista de produtos taxados. Sem avanços, especialistas preveem queda de até 50% nas exportações paranaenses para os EUA em 2025.

As demissões em massa provocadas pelo tarifaço de Trump escancaram a dependência de alguns setores da do mercado norte-americano. No Paraná, onde o setor madeireiro é um dos pilares da geração de empregos e da arrecadação, o impacto é devastador.

Enquanto milhares de trabalhadores enfrentam incertezas sobre o futuro, governos locais e federal buscam alternativas emergenciais. Ainda assim, a solução definitiva dependerá da diplomacia e da capacidade de diversificação dos mercados de exportação. Até lá, o cenário segue de forte instabilidade e apreensão nas cidades mais afetadas.

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