Crédito consignado CLT vira bomba com calote acima de 15% e juros de 3,5%

O crédito consignado CLT já enfrenta inadimplência acima de 15% e juros em disparada, passando de 3,5% ao mês. Problemas técnicos da Dataprev e falhas nas empresas agravam o cenário e assustam bancos.
Crédito consignado CLT
Crédito consignado CLT

O novo consignado CLT, lançado em março como promessa de acesso facilitado a empréstimos mais baratos para trabalhadores do setor privado, já enfrenta uma realidade alarmante: inadimplência acima de 15%.

Segundo a Dataprev, de 2,1 milhões de contratos analisados, apenas 84,19% das primeiras parcelas foram pagas. O restante está em atraso ou sequer chegou a ser debitado. O resultado é um rombo imediato no caixa dos bancos e a disparada das taxas de juros.

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Falhas na Dataprev e nas empresas detonam pagamentos

O problema não é só do trabalhador. Há falhas graves no sistema que conecta bancos, e a plataforma da Dataprev.

Em muitos casos, o crédito foi liberado, mas as empresas não lançaram o desconto na folha de pagamento ou não transmitiram corretamente os dados ao eSocial. Resultado: o banco não recebe.

Fontes do setor admitem que, quando o contrato é escriturado corretamente, a inadimplência cai para 3,7%. Mas os erros técnicos e operacionais mantêm o número oficial acima de 15%.

“É como se o empréstimo fosse liberado, mas o desconto em folha não acontecesse”, resume um executivo do setor.

Bancos suspendem crédito em meio ao caos

Na noite de 20/08, os bancos decidiram suspender a contratação de até que a Dataprev conclua melhorias no sistema. A paralisação inclui também a migração de 4 milhões de contratos antigos para a nova plataforma.

Leandro Vilain, da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), admite: “É uma surpresa negativa. O processo deveria ser automatizado, mas falhou.”

Juros explodem e custo do crédito dispara

A promessa era reduzir os custos do crédito. A realidade foi a contrária. As falhas no sistema e o perfil de risco mais frágil dos tomadores fizeram os juros subirem.

No fim de julho, as taxas médias estavam em 2,66% ao mês. Duas semanas depois, já eram 2,75%. Entre bancos menores, que concentram 52% das operações, as taxas passaram de 4% ao mês.

A Febraban admite que o ambiente ficou hostil: mais risco, mais inadimplência, mais juros.

Sem regras claras, risco trabalhista aumenta a conta

Outro entrave é que as regras de garantia — como uso de 10% do ou verbas rescisórias em caso de demissão — ainda não foram regulamentadas.

Enquanto isso, se o trabalhador perde o , o risco do contrato aumenta. A falta de portabilidade automática para um novo vínculo de trabalho só agrava a insegurança.

Os bancos exigem ajustes imediatos. Sem eles, o CLT pode naufragar antes de se consolidar.

Futuro do consignado privado mergulha na incerteza

A expectativa é que ajustes tecnológicos e normativos reduzam o problema ao longo dos próximos meses. Mas o estrago já está feito: a modalidade, que nasceu para ser alternativa mais barata ao rotativo do cartão, começa com calote recorde, juros em alta e desconfiança generalizada.

Para o trabalhador, o alerta é claro: o crédito existe, mas o risco de pagar caro — em todos os sentidos — é maior do que o prometido.


Este conteúdo tem caráter jornalístico e educacional e não constitui recomendação de investimento.

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