O COPOM aumenta a taxa Selic para 11,25% ao ano, em decisão unânime tomada na última reunião, realizada em resposta à inflação acima das metas e ao cenário global de incertezas. Com essa alta de 0,50 ponto percentual, o Comitê de Política Monetária reafirma seu compromisso com a convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte relevante, considerando também a sustentabilidade econômica do Brasil em meio a desafios internos e externos.
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Cenário Externo e Influências do Fed
O ambiente global segue desafiador, especialmente devido ao cenário econômico dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed) continua comprometido com uma política monetária rígida para controlar a inflação. Esse contexto gera maior cautela nos países emergentes, que enfrentam volatilidade nos mercados financeiros e oscilações nas taxas de câmbio. O COPOM tem monitorado de perto as políticas monetárias externas, especialmente a postura do Fed, uma vez que influenciam diretamente o valor do dólar e os fluxos de capital, impactando o Brasil de maneira significativa.
Inflação e Projeções do COPOM
No cenário doméstico, a inflação e as expectativas de mercado continuam a apresentar índices acima da meta estabelecida, reforçando a necessidade de uma postura monetária contracionista. Os últimos indicadores de inflação cheia e subjacente revelam que os preços permanecem pressionados. O relatório Focus aponta projeções de inflação para 2024 em torno de 4,6% e para 2025, 4,0%, ambas acima da meta de 3,5% definida pelo Banco Central.
A Tabela 1 das projeções do COPOM também reforça o alerta, com expectativas de inflação no segundo trimestre de 2026 em 3,6%, revelando uma tendência de desvio em relação ao objetivo central. Esses dados indicam que a elevação da Selic visa conter a inflação e, ao mesmo tempo, suavizar os impactos no nível de atividade econômica.
Fatores de Risco e Balanço da Inflação
O COPOM destacou riscos de alta e de baixa para o cenário inflacionário. Entre os riscos de alta, estão a possibilidade de uma desancoragem prolongada das expectativas de inflação e a maior resiliência dos preços no setor de serviços, impulsionados por uma atividade econômica ainda aquecida. Outro fator de risco é a política econômica global, que pode afetar o câmbio e, consequentemente, os preços internos no Brasil.
Em contrapartida, a desaceleração econômica global e o impacto dos ajustes monetários em outros países podem pressionar a desinflação, atuando como fatores que reduzem a inflação. O balanço de riscos, portanto, é assimétrico, com maior probabilidade de pressões inflacionárias persistirem.
Impacto do Cenário Fiscal e a Sustentabilidade da Dívida
O COPOM aumenta a taxa Selic também levando em conta o impacto da política fiscal sobre os ativos financeiros e as expectativas dos agentes econômicos. A percepção do mercado em relação ao cenário fiscal afeta diretamente o prêmio de risco e a taxa de câmbio, com efeitos sobre a inflação. Para o COPOM, é fundamental que a política fiscal seja crível e esteja comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, contribuindo assim para ancorar as expectativas de inflação e reduzir o prêmio de risco dos ativos.
A decisão de elevar a Selic busca também enfrentar a volatilidade no câmbio, influenciada pela percepção dos investidores em relação à política fiscal. Nesse contexto, a execução de medidas estruturais no orçamento fiscal é essencial para fortalecer a estabilidade econômica e evitar oscilações nos preços e ativos financeiros.
Perspectivas para Ajustes Futuros da Taxa de Juros
O COPOM sinalizou que os próximos ajustes na taxa de juros dependerão do compromisso firme de convergência da inflação para a meta e da evolução dos indicadores econômicos, incluindo a inflação nos setores mais sensíveis à atividade econômica e ao hiato do produto. A dinâmica de componentes como inflação de serviços, hiato de produto e projeções inflacionárias determinará o ritmo de eventuais ajustes futuros na Selic.
A atual elevação para 11,25% é considerada pelo Comitê como um movimento necessário para reduzir as expectativas de inflação e estabilizar o cenário econômico. A avaliação do COPOM continuará a observar de perto o comportamento da inflação e o balanço de riscos, com o objetivo de adotar medidas preventivas que mantenham a trajetória de convergência da inflação.
COPOM aumenta a taxa Selic: Decisão Unânime
Votaram a favor do aumento da Selic todos os membros do COPOM, incluindo o presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto, e os diretores Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira. A decisão foi tomada após análise de uma ampla gama de informações, levando em conta a estabilidade de preços e a suavização das flutuações no nível de atividade econômica.
Essa postura unânime reforça a seriedade do Banco Central em manter o controle sobre a inflação e sua influência na economia brasileira. Com o aumento de 0,50 ponto percentual na taxa básica, o COPOM transmite uma mensagem de comprometimento com a estabilidade econômica, o que também visa criar um ambiente mais favorável para o pleno emprego.
O aumento da taxa Selic para 11,25% representa a continuidade de uma política monetária firme no combate à inflação. Com o cenário externo incerto e pressões internas persistentes, o COPOM aumenta a taxa Selic para estabilizar os preços e garantir que a economia brasileira continue em uma trajetória sustentável. O acompanhamento rigoroso das condições fiscais e a análise do impacto das decisões sobre o mercado de trabalho e os ativos financeiros serão fundamentais para os próximos passos do Banco Central.
Essa decisão reflete uma política comprometida com a convergência da inflação à meta, garantindo que o impacto seja percebido de forma consistente na economia. Para os próximos meses, o COPOM deverá observar com atenção a evolução dos principais indicadores econômicos, adotando ajustes que mantenham a trajetória de estabilidade e assegurem a confiança do mercado.