Em tempos de instabilidade, segurança vira ativo valioso. E é exatamente isso que o Brasil está oferecendo enquanto o mundo acompanha atento a escalada dos conflitos no Oriente Médio. O novo ataque entre Israel e Irã fez os preços do petróleo dispararem — e, de quebra, elevou o interesse pelo leilão da ANP marcado para esta terça-feira (17).
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, a instabilidade no Oriente Médio lembra aos investidores que o Brasil, apesar de seus desafios, representa um ambiente confiável e estável para negócios energéticos.
Leilão em alta: petróleo mais caro e risco mais longe
O cenário global valorizou o evento nacional. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) colocará à disposição 172 blocos exploratórios, em áreas com alto potencial geológico e já com infraestrutura consolidada — como a Bacia de Santos, que responde por 78% da produção nacional.
A instabilidade lá fora deu força à atratividade aqui dentro. Como explica Ardenghy:
“Estamos longe daquela confusão. Somos uma região com petróleo, sem conflito, com estabilidade jurídica. Isso pesa na decisão das empresas.”
Brasil na rota segura do petróleo global
Enquanto o mundo teme bloqueios no Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 30% do petróleo exportado globalmente — o Brasil oferece rotas de exportação amplas e desobstruídas.
“Um navio saindo do Brasil pode ir para Ásia, EUA ou Europa sem qualquer risco geopolítico. Isso vale ouro para quem precisa planejar logística e contratos de longo prazo” — reforça Ardenghy.
Blocos ofertados e perspectivas
Bacias com oferta | Destaques estratégicos |
---|---|
Santos | 78% da produção atual, alta infraestrutura |
Pelotas | Geologia similar à Namíbia, com novas reservas |
Foz do Amazonas | Licenciamento ambiental pendente |
Potiguar e Parecis | Potencial terrestre |
O economista Aldren Vernersbach lembra que a Bacia de Pelotas compartilha formações geológicas com a Namíbia, onde foram feitas descobertas recentes de petróleo de alta qualidade.
Expectativa de arrecadação
O governo projeta ao menos R$ 150 milhões em bônus de assinatura com o leilão — valor que pode subir conforme a concorrência. Com 31 empresas inscritas, incluindo gigantes como Petrobras, Shell, BP e TotalEnergies, o interesse é alto.