O tão aguardado corte na taxa de juros dos Estados Unidos finalmente ocorreu. O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, reduziu a taxa Fed Funds em 50 pontos-base, situando-a no intervalo de 4,75% a 5% ao ano. Esta foi a primeira redução desde o início do ciclo de aperto monetário, em março de 2022, e o primeiro corte de juros desde 2020. A decisão gerou impactos imediatos nos mercados globais e abriu novas perspectivas para os investimentos no Brasil.
Impactos Imediatos no Mercado Global e no Brasil
O anúncio do corte de juros causou reações instantâneas nos mercados financeiros. O dólar recuou em relação ao real, atingindo uma mínima de R$ 5,43, uma queda de 0,93%. Enquanto isso, o Ibovespa, que estava em queda, reverteu para uma leve alta de 0,11%, e a Nasdaq nos EUA subiu 1%. Esses movimentos refletem o otimismo renovado de que o Fed está buscando um “soft landing”, evitando uma recessão profunda na maior economia do mundo.
Efeito nos Investimentos no Brasil
O corte de juros nos EUA tende a beneficiar mercados emergentes, como o Brasil. A redução da atratividade dos títulos do Tesouro americano (que possuem baixo risco) incentiva os investidores globais a buscar ativos de maior risco, como ações e títulos de dívida em países como o Brasil. Isso já começou a ser sentido na B3, que registrou uma entrada de capital estrangeiro nos últimos meses, à medida que os investidores antecipavam a mudança na política monetária dos EUA.
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“Com o corte de juros nos EUA, o apetite por risco em mercados emergentes aumenta. O Brasil, que já vinha atraindo atenção dos investidores, deve ver um maior fluxo de capital para ativos de renda variável“, afirma Andre Fernandes, especialista da A7 Capital.
Oportunidades e Riscos para o Brasil
Embora a perspectiva de maior entrada de capital estrangeiro seja positiva, ainda há desafios no cenário econômico doméstico. A inflação permanece elevada, e o Banco Central brasileiro mantém a Selic em patamares altos para tentar controlar a alta dos preços. Contudo, o corte nos juros dos EUA pode abrir espaço para uma redução gradual da Selic nos próximos meses.
“O corte nos EUA pode dar ao Copom a confiança necessária para iniciar uma redução dos juros no Brasil, mas isso dependerá da evolução da inflação local”, explica Valter Bianchi Filho, economista da Fundamenta Investimentos.
Perspectivas para o Restante de 2024
A expectativa é de que o Federal Reserve continue a reduzir os juros nas próximas reuniões, com a possibilidade de a taxa americana chegar ao intervalo de 4,5% a 4,75% até o final do ano. Se esse cenário se confirmar, o Brasil pode se beneficiar ainda mais, com um câmbio mais favorável e uma possível pressão para a queda da Selic.
“Com juros mais baixos nos EUA, a tendência é de que o Banco Central do Brasil tenha mais margem para reduzir a Selic, desde que o governo mantenha a disciplina fiscal e a inflação continue a desacelerar”, destaca Gabriela Paixão, economista e planejadora financeira.
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Impacto no Câmbio e Inflação
A valorização do real pode ser um dos principais efeitos desse movimento, à medida que o carry trade se torna mais vantajoso. Essa estratégia envolve o uso de empréstimos em moedas com juros baixos, como o dólar, para investir em ativos em países com juros mais altos, como o Brasil. Esse influxo de capital pode valorizar ainda mais o real e ajudar a reduzir a pressão inflacionária sobre os preços de importados.
Entretanto, o cenário global permanece volátil. Fatores como a guerra na Ucrânia, as tensões comerciais entre EUA e China, e os desdobramentos da política interna no Brasil ainda podem impactar o mercado de forma imprevisível.