A China dá início a suporte fiscal nesta sexta-feira no valor de US$ 1,4 trilhão, destinado a aliviar as dívidas dos governos locais e reduzir riscos financeiros. O ministro das Finanças, Lan Foan, comunicou as medidas após uma reunião do comitê permanente do Congresso Nacional do Povo, que aprovou uma série de ações para enfrentar a crise econômica interna. Entre os principais pontos está a troca de dívidas “ocultas” dos governos locais, com um aumento significativo nas emissões de títulos.
Diante de uma desaceleração econômica, o governo chinês está promovendo estímulos fiscais para estabilizar a economia, que enfrenta desafios devido a pressões deflacionárias, demanda baixa, crise imobiliária e dívidas governamentais. Em uma coletiva de imprensa em Pequim, Lan Foan afirmou que o pacote permitirá que os governos locais reestruturem até 10 trilhões de iuanes em dívidas, o que equivale a aproximadamente US$ 1,4 trilhão.
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China dá início a suporte fiscal: A Nova Política Fiscal e Suas Implicações para a Economia Chinesa
A estratégia de suporte fiscal da China inclui o aumento da cota de dívida dos governos locais em 6 trilhões de iuanes e a permissão para que usem outros 4 trilhões em emissões já aprovadas para financiar trocas de dívidas. Essa abordagem visa enfrentar diretamente os riscos financeiros sistêmicos associados ao endividamento excessivo dos governos locais.
Huang Xuefeng, diretor de pesquisa da Shanghai Anfang Private Fund Co., comentou sobre o anúncio, destacando que o pacote não excede as expectativas. Em suas palavras:
“Não é enorme se considerarmos os déficits fiscais devido à desaceleração econômica e à queda nas vendas de terrenos. O dinheiro é usado para substituir dívidas ocultas, o que significa que não cria novos fluxos de trabalho, portanto, o apoio ao crescimento do PIB não é tão direto.”
O governo de Pequim espera que a medida traga estabilidade ao sistema financeiro e minimize o impacto de dívidas não declaradas no mercado de capitais. Embora o pacote seja uma injeção substancial, ele não inclui estímulos diretos para fortalecer a demanda do consumidor, como muitos analistas e investidores esperavam.
Contexto Econômico: Crise Imobiliária e Demanda Fraca
A economia chinesa, a segunda maior do mundo, enfrenta desafios múltiplos. Nos últimos meses, o país tem lidado com pressões deflacionárias, agravadas por uma crise imobiliária que reduziu as vendas de terrenos e afetou a arrecadação dos governos locais. Essa crise resultou em uma perda de confiança dos investidores e um aumento das dificuldades financeiras de grandes incorporadoras.
Pequim adotou uma política prudente de estímulo fiscal, ao mesmo tempo que procura evitar um aumento abrupto na dívida total do país. A aprovação de um teto para as emissões de títulos dos governos locais, que passa de 29,52 trilhões para 35,52 trilhões de iuanes, mostra a disposição do governo em assumir novas dívidas sem comprometer a estabilidade econômica.
Medidas Adicionais: Foco no Setor Imobiliário e Bancário
Durante a coletiva de imprensa, Xu Hongcai, vice-presidente do comitê de assuntos financeiros e econômicos do Congresso Nacional do Povo, comentou sobre as trocas de dívidas. Ele afirmou que a medida tem o objetivo de mitigar os riscos da dívida local e fortalecer o sistema financeiro. Xu enfatizou a importância dessas ações para a saúde econômica do país, destacando:
“As trocas de dívidas visam resolver os riscos da dívida local.”
O ministro Lan Foan acrescentou que Pequim está elaborando políticas para apoiar a compra de apartamentos não vendidos pelo setor estatal e a recuperação de terrenos residenciais não desenvolvidos de incorporadoras imobiliárias. O governo também pretende repor o capital dos grandes bancos estatais, porém, Lan não forneceu detalhes sobre o tamanho ou o cronograma dessas medidas.
Esse suporte ao setor imobiliário é fundamental para estabilizar o mercado e evitar um colapso em áreas que foram fortemente afetadas pela crise recente. A abordagem de Pequim para aliviar a dívida dos governos locais pode ajudar a fortalecer o setor bancário, oferecendo maior estabilidade para o sistema financeiro como um todo.
Reações do Mercado e Expectativas Futuras
O mercado global observa de perto o momento em que a China dá início a suporte fiscal, principalmente porque a economia chinesa é um motor de crescimento mundial. No entanto, a ausência de estímulos diretos ao consumo decepcionou alguns analistas, que esperavam uma abordagem mais agressiva para recuperar a demanda doméstica.
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A reestruturação da dívida não cria necessariamente novos fluxos de trabalho ou injeções diretas de dinheiro na economia. Como Huang Xuefeng observou, a medida tem um impacto limitado no Produto Interno Bruto (PIB) e pode não estimular a economia da maneira esperada. Apesar disso, o pacote de suporte fiscal é um passo importante para a China estabilizar sua economia, promovendo uma abordagem mais cautelosa de crescimento sustentável.
O suporte fiscal também vem em um momento de tensões políticas internacionais. A vitória de Donald Trump nas eleições nos Estados Unidos aumentou as incertezas para a China, pois o ex-presidente anunciou que pretende impor tarifas de mais de 60% sobre produtos chineses. Esse possível aumento nas barreiras comerciais pode agravar os desafios econômicos e reforçar a necessidade de um suporte interno robusto.