A China amplia estímulo fiscal e econômico para proteger sua economia dos desafios globais, intensificando os esforços para sustentar o consumo e mitigar os impactos da guerra comercial com os Estados Unidos. Em um momento de incertezas, o governo chinês está determinado a alcançar um crescimento de 5% ou mais em 2025, implementando novas medidas para impulsionar o mercado interno.
China amplia estímulo para enfrentar mudanças globais
Durante a abertura da reunião anual do Parlamento chinês, o primeiro-ministro Li Qiang alertou sobre o ambiente externo cada vez mais complexo, enfatizando que “mudanças nunca vistas em um século estão ocorrendo em todo o mundo em um ritmo mais rápido”.
A guerra comercial com os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, ameaça a principal força econômica da China: seu poderoso complexo industrial. Além disso, a baixa demanda doméstica e os desafios no setor imobiliário estão aumentando a vulnerabilidade da economia chinesa.
Para mitigar esses riscos, a China amplia estímulo por meio de medidas que visam fortalecer o consumo interno e reduzir a dependência das exportações e dos investimentos. O governo chinês reconhece que uma economia equilibrada precisa de um setor de consumo forte, e esse objetivo está no centro da estratégia para 2025.
Foco no consumo: uma nova prioridade para a China
O governo chinês vem tentando há mais de uma década fazer a transição para um modelo de crescimento impulsionado pelo consumo interno, mas os avanços têm sido limitados. No entanto, pela primeira vez, o aumento do consumo foi elevado à prioridade máxima entre as principais tarefas econômicas de 2025.
No relatório do primeiro-ministro Li Qiang, o termo “consumo” foi mencionado 31 vezes, um aumento significativo em relação às 21 menções do ano anterior. Em contrapartida, a palavra “tecnologia”, tradicionalmente a principal prioridade da política econômica chinesa, apareceu 28 vezes, apenas duas a mais do que em 2024.
A analista de tecnologia da Gavekal Dragonomics, Tilly Zhang, destacou que essa mudança não representa um abandono da política industrial focada em tecnologia, mas sim um esforço para criar uma estrutura macroeconômica mais equilibrada.
China amplia estímulo com novas medidas fiscais
Além de enfatizar o consumo, a China amplia estímulo por meio de um plano de déficit orçamentário maior, que representará cerca de 4% da produção econômica do país em 2025. O governo também anunciou a emissão de 1,3 trilhão de iuanes (US$ 179 bilhões) em títulos especiais ultralongos do Tesouro, acima dos 1 trilhão de iuanes emitidos em 2024.
Outra medida importante é a permissão para que governos locais emitam 4,4 trilhões de iuanes em dívidas especiais, um aumento em relação aos 3,9 trilhões de iuanes do ano passado. Essas ações são fundamentais para garantir liquidez e investimentos na economia chinesa.
Além disso, Pequim planeja levantar 500 bilhões de iuanes para recapitalizar os principais bancos estatais, uma medida que visa fortalecer o sistema financeiro e proporcionar suporte adicional ao crescimento econômico.
Os analistas do ANZ apontam que essas medidas não apenas estimulam o crescimento, mas também ajudam a amortecer o impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Eles acreditam que o governo chinês poderá ajustar ainda mais o orçamento ao longo do ano, dependendo da evolução das disputas comerciais e do desempenho da economia.
Subsídios e incentivos ao consumo
Como parte do esforço para incentivar os gastos, a China amplia estímulo ao consumo por meio de subsídios. Foram alocados 300 bilhões de iuanes para um programa de incentivos voltado para veículos elétricos, eletrodomésticos e outros bens duráveis.
De acordo com Harry Murphy Cruise, economista da Moody’s Analytics, essa estratégia tem sido bem-sucedida em estimular a compra desses produtos. No entanto, ele ressalta que, fora esse setor específico, os gastos dos consumidores continuam fracos, e o governo chinês ainda precisa fornecer mais detalhes sobre outras políticas para fortalecer o consumo interno.
Impacto global e desafios futuros
A decisão da China de ampliar estímulo fiscal e monetário pode ter repercussões globais significativas. Como a segunda maior economia do mundo, as políticas adotadas por Pequim influenciam diretamente os mercados internacionais.
O fortalecimento do consumo chinês pode beneficiar países exportadores de commodities, como o Brasil, que tem na China seu principal parceiro comercial. Além disso, um crescimento econômico robusto pode contribuir para estabilizar os mercados financeiros internacionais.
Entretanto, a guerra comercial com os Estados Unidos continua sendo um grande desafio. As tarifas impostas pelo governo Trump e a crescente tensão tecnológica entre as duas potências dificultam a recuperação plena da economia chinesa.
Especialistas afirmam que, apesar dos estímulos adotados pela China, o crescimento sustentado dependerá de uma estratégia de longo prazo, capaz de equilibrar investimentos, inovação e consumo interno.
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China amplia estímulo para sustentar economia
A decisão da China de ampliar estímulo para sustentar a economia reflete a urgência de adaptação diante de desafios globais. A mudança de foco para o consumo interno e o aumento do investimento em infraestrutura financeira mostram que Pequim está comprometida em garantir um crescimento robusto e sustentável.
No entanto, os desafios persistem. A guerra comercial, a crise do setor imobiliário e a necessidade de equilibrar a política fiscal são obstáculos que exigirão respostas rápidas e eficazes do governo chinês.
A evolução dessas medidas será acompanhada de perto pelo mercado global, que observa atentamente como a China lidará com esse período de transformações econômicas nunca vistas em um século.