Na véspera da divulgação da ata do Copom, o dólar ensaia uma leve alta após queda de 0,40% e passa a flutuar em torno de R$ 5,50 nesta terça-feira (24). Já o Ibovespa reage positivamente e sobe cerca de 1%, atingindo 137.885 pontos por volta das 14h, impulsionado por sinais de maior segurança econômica e por expectativas de desalívio na curva de juros.
Tensão e incerteza com violação do cessar‑fogo entre Israel e Irã
Na noite de segunda-feira, o presidente Trump anunciou um cessar‑fogo entre Israel e Irã, após contatos intensos com líderes na região, incluindo o emir do Catar. No entanto, já na manhã desta terça, ambos os países acusam-se mutuamente de violar a trégua. O presidente americano criticou Israel em redes sociais lembrando que um novo ataque seria “uma grande violação”, pedindo que os pilotos retornem às suas bases.
Esse tensionamento renovado tem gerado forte volatilidade nos mercados globais — incluindo câmbio e ações — causa de hesitação entre investidores que temem uma escalada regional.
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Impactos no petróleo e na geopolítica global
O realinhamento das tensões no Oriente Médio influenciou também os preços do petróleo. Nos últimos dias, os barris haviam disparado diante da escalada recente. Mas o recuo da manhã evidencia que o risco de interrupção de entrega — especialmente no Estreito de Ormuz — ainda é incerto. Esse canal responde por cerca de 20% do petróleo mundial, e seu bloqueio poderia elevar fortemente os preços internacionais. Por ora, o mercado interpreta a retaliação iraniana como proporcional, reduzindo a pressão na commodity e mitigando preocupações com oferta global.
Dólar: repique técnico e cautela cambial
Após fechar em R$ 5,5026 na segunda, o dólar opera próximo de R$ 5,5038 nesta terça. Com variações semanais de −0,40% e no ano de −10,96%, a moeda reflete a oscilação entre risco geopolítico e alívio no apetite por ativos emergentes — influenciado pelo enfraquecimento do dólar e expectativas mais brandas de juros nos EUA.
Cenário doméstico: o peso da ata do Copom no humor do mercado
Causa destaque a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada hoje pelo Banco Central. O documento reforça que o ciclo de elevação da Selic (atualizada na noite anterior para 15% ao ano) está próximo do fim, seguindo um tom claramente “dovish”. O BC destaca a necessidade de observar os efeitos dos juros elevados sobre a economia e reforça a ideia de uma política monetária restritiva por “um período prolongado”.
Essa mensagem sinaliza aos investidores que uma pausa nas altas pode ocorrer em breve, favorecendo movimentos de alívio na curva de taxas futuras. A combinação de juros estáveis e declínio do dólar favorece as ações atreladas ao consumo e turismo — como é o caso da CVC — beneficiando o Ibovespa.
Conexões entre o Fed e causas globais
Nos EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, informou durante depoimento ao Congresso que o banco central ainda avalia os impactos do atual conflito no Oriente Médio, assim como os efeitos do aumento tarifário recente promovido por Trump. Powell reforçou que o Fed aguardará indicadores futuros antes de decidir por uma possível redução na taxa de juros.
Panorama e o cenário possível adiante
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Câmbio: o dólar deve seguir volátil diante das incertezas na geopolítica, mas se beneficia da expectativa de juros estáveis tanto nos EUA quanto no Brasil.
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Ações brasileiras: o Ibovespa caminha em terreno positivo conforme a percepção de menor risco cambial e perspectiva de condições monetárias mais amenas. Empresas ligadas ao consumo tendem a se destacar.
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Juros: a ata do Copom reforça que o ciclo de alta pode estar perto do fim, enquanto o Fed atua com cautela diante de choques externos.
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Geopolítica: Israel e Irã seguem trocando acusações, o que pode levar a novas reações e novas variações nos ativos globais.
Por que isso tudo importa
O cessar‑fogo entre Israel e Irã volta ao centro das atenções não só pelo risco imediato, mas pela força simbólica de um possível desdobramento militar mais amplo — que poderia afetar às cadeias de produção, os preços do petróleo e os fluxos financeiros globais. Com isso, o câmbio, os juros e o mercado acionário vêm se ajustando de forma interdependente.
Fique atento às próximas semanas: a política de juros do Brasil e dos EUA, as movimentações no Oriente Médio e o comportamento do petróleo são fatores-chave que definirão as tendências de investimento a curto prazo.
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Irã anuncia fim da guerra
Após 12 dias de confrontos, o Irã anunciou nesta terça-feira (24) o fim do conflito contra Israel. De acordo com a imprensa estatal iraniana, o presidente Masoud Pezeshkian celebrou o término dos combates como uma ‘grande vitória’.
O Irã anuncia fim da guerra com Israel, sem dúvida representa uma vitória tática e um momento de trégua temporária no Oriente Médio. Mas o fim oficial do conflito com Teerã não encerra os combates em Gaza, deixando ambos os conflitos em posições paralelas: diplomáticos por um lado, militares por outro. A estabilidade regional ainda depende da capacidade diplomática e da continuidade de vigilância dos atores envolvidos.