O CEO da Nestlé, Mark Schneider, anunciou sua renúncia após quase oito anos no comando da gigante alimentícia, sendo sucedido por Laurent Freixe, em um momento em que a maior empresa de alimentos do mundo enfrenta o desafio de reconquistar consumidores desgastados pela inflação e cada vez mais cautelosos em relação aos produtos de marca.
Laurent Freixe, de 62 anos, atualmente vice-presidente executivo e CEO da região da América Latina, assumirá o cargo de CEO global em 1º de setembro, conforme comunicado emitido pela Nestlé nesta quinta-feira (22). Freixe é um veterano da empresa suíça, com uma longa trajetória de quase quatro décadas, e sua nomeação reflete a busca por uma liderança que compreenda profundamente os mercados e as dinâmicas de consumo em tempos de incerteza econômica.
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A saída de Schneider, de 58 anos, marca o fim de uma era na Nestlé. Ele foi inicialmente aclamado pelos investidores, especialmente nos primeiros anos de sua gestão, quando enfrentou de forma decisiva o ativismo do fundo Third Point, vendendo unidades não essenciais, como o negócio de saúde da pele, e concentrando esforços na expansão das linhas de nutrição e bem-estar da companhia. Contudo, nos últimos tempos, a Nestlé enfrentou uma série de desafios que ofuscaram esse legado.
Entre os contratempos mais notáveis, destaca-se o prejuízo de US$ 2,1 bilhões decorrente de um investimento em um medicamento para alergia a amendoim, que se mostrou um fracasso. Além disso, a empresa enfrentou dificuldades significativas em sua unidade de vitaminas e minerais devido a problemas de TI, resultando em escassez de produtos. A fabricante do icônico Nescafé também tem lutado para retomar o crescimento das vendas, especialmente nos Estados Unidos, onde os consumidores, diante da alta inflação, têm demonstrado relutância em pagar preços elevados por produtos de marca.
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A resposta do mercado à liderança de Schneider foi mista. Desde que ele assumiu o comando em 2017, as ações da Nestlé subiram 22%, um desempenho positivo, mas que fica aquém do registrado por sua principal concorrente, a Unilever, que viu suas ações valorizarem quase o dobro no mesmo período.
Freixe, com uma trajetória sólida na Nestlé, traz consigo uma vasta experiência acumulada ao longo de quase 40 anos na empresa. Durante 16 anos, ele atuou como membro do conselho executivo, e liderou as operações europeias de 2008 a 2014, período em que a Europa enfrentava a crise financeira global. Após esse desafio, Freixe foi transferido para a América Latina, onde desempenhou um papel crucial no fortalecimento das operações da Nestlé na região.
Paul Bulcke, presidente do conselho, elogiou a nomeação de Freixe, destacando sua “acuidade estratégica, ampla experiência no mercado e profunda compreensão dos consumidores.” A transição de liderança acontece em um momento crítico para a Nestlé, que busca ajustar sua estratégia para enfrentar um cenário de consumo cada vez mais desafiador. A expectativa é que Freixe, com sua experiência e visão estratégica, possa reposicionar a Nestlé e restaurar a confiança dos investidores.
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A renúncia de Schneider e a nomeação de Freixe sinalizam uma nova fase para a Nestlé, com o mercado observando de perto como a empresa vai navegar pelos desafios à frente e buscar novas oportunidades de crescimento em um ambiente econômico marcado pela volatilidade e incertezas.