A possibilidade de uma reestruturação de capital da Braskem (BRKM5) pode afetar diretamente os dividendos da Petrobras (PETR4). A avaliação foi feita pelo BTG Pactual em relatório divulgado nesta segunda-feira (29), após a petroquímica confirmar a contratação de assessores financeiros e jurídicos para revisar sua estrutura de dívida.
Segundo os analistas, o movimento levanta temores de recuperação judicial ou extrajudicial e aumenta a probabilidade de que parte da dívida da Braskem seja convertida em ações.
Cenário de conversão de dívida pressiona Petrobras
No cenário base do BTG, cerca de 25% da dívida da Braskem, equivalente a US$ 1,7 bilhão, poderia ser transformada em capital. Para evitar diluição e manter sua fatia de aproximadamente 49% nas ações ordinárias (36,1% do capital total), a Petrobras teria de realizar aportes adicionais.
Essa necessidade impactaria a distribuição de proventos. O banco estima que o dividend yield da Petrobras cairia em 0,8 ponto percentual, para 8,2%, reduzindo a atratividade da estatal junto a investidores focados em retorno imediato.
Dividendos da Petrobras sob risco indireto
A Petrobras, que hoje acumula recomendação de compra pelo BTG, com preço-alvo de R$ 44, pode enfrentar um dilema. Ao mesmo tempo em que segue beneficiada pelos preços do petróleo e pela disciplina financeira, o passivo indireto com a Braskem ameaça os dividendos da Petrobras, que historicamente são parte central da tese de investimento na estatal.
Para o BTG, mesmo que a estatal não tenha de assumir sozinha o reforço de capital, qualquer movimento nesse sentido reduziria o espaço para remuneração aos acionistas.
Perfil financeiro da Braskem preocupa
A situação da Braskem segue frágil. A empresa tem vencimento relevante de dívida apenas em 2028, mas o enfraquecimento do seu perfil financeiro gera dúvidas sobre a capacidade de chegar a essa data em boas condições.
A renegociação do Revolving Credit Facility (RCF), considerada essencial para preservar a liquidez de curto prazo, é vista como desafiadora, principalmente após os rebaixamentos sucessivos de rating feitos por Fitch e S&P.
Mesmo com a Braskem Idesa fora do alcance direto dos credores, o BTG destaca que o alívio é limitado e não elimina o risco sistêmico.
Perspectiva para acionistas
O banco afirma que a tese de investimento na Braskem se tornou cada vez mais difícil. “O risco de diluição está agora claramente na mesa e, com alternativas limitadas, a perspectiva para os atuais acionistas parece cada vez mais complicada”, apontou o relatório.
Já para os investidores da Petrobras, o alerta é de que, embora a estatal siga sólida, os dividendos da Petrobras podem sofrer ajustes caso seja necessário apoiar a Braskem em um eventual processo de reestruturação.