O Brasil firma acordos com China e Rússia para reforçar a cooperação econômica, financeira e ambiental em um momento de tensões comerciais globais. Os memorandos, publicados nesta segunda-feira (11) no Diário Oficial da União, estabelecem canais permanentes de diálogo e mecanismos estratégicos para ampliar a atuação conjunta em fóruns multilaterais como o Brics e o G20.
Os documentos também indicam que os países buscarão avançar em infraestrutura, desenvolvimento sustentável e preservação ambiental, sem criar obrigações jurídicas ou compromissos financeiros compulsórios.
Acordo Brasil–Rússia: diálogo econômico e infraestrutura estratégica
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, assinaram um memorando que cria o Diálogo Econômico e Financeiro Bilateral. O novo canal garante comunicação estável entre os ministérios e estabelece sete áreas prioritárias:
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Políticas macroeconômicas
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Enfrentamento de desafios e reformas
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Cooperação tributária
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Financiamento de infraestrutura
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Novas oportunidades bilaterais
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Atuação conjunta em fóruns multilaterais
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Outros temas de interesse mútuo
Apesar de não impor obrigações legais, o acordo reforça a aproximação entre os dois países e abre espaço para cooperação em projetos de longo prazo.
Brasil firma acordos com China para ampliar integração regional
O ministro Fernando Haddad e o ministro chinês das Finanças, Lan Fo’an, assinaram um memorando que atualiza entendimentos bilaterais até maio de 2025. O novo documento incorpora iniciativas estratégicas como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana.
A China incluiu a Iniciativa Cinturão e Rota, reforçando a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) como principal canal de coordenação. O texto também destaca o apoio chinês ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com impacto esperado durante a COP30.
EUA reagem a acordos entre Brasil, China e Rússia no setor agrícola
Enquanto o Brasil estreita relações econômicas com China e Rússia, os Estados Unidos demonstram preocupação com a influência chinesa no agronegócio brasileiro.
O Intelligence Authorization Act para 2026 prevê uma investigação sobre os impactos desses investimentos na cadeia global de suprimentos e na segurança alimentar. A diretora nacional de inteligência dos EUA, Tulsi Gabbard, deverá apresentar, em até 90 dias após a promulgação da lei, um relatório sobre o envolvimento do presidente Xi Jinping e de empresas estatais chinesas no setor agrícola do Brasil.
Impactos econômicos e geopolíticos dos acordos com China e Rússia
Analistas indicam que os novos acordos fortalecem a posição do Brasil no cenário internacional, diversificando suas parcerias e reduzindo a dependência de mercados tradicionais. Essa estratégia pode aumentar o acesso a investimentos em infraestrutura, tecnologia e meio ambiente, ao mesmo tempo em que impulsiona o comércio bilateral.
No entanto, especialistas também alertam que a aproximação com China e Rússia pode intensificar disputas geopolíticas, especialmente no comércio agrícola e na disputa por mercados estratégicos.
Brasil, China e Rússia: perspectivas para investimentos e inovação
Com os novos memorandos, o Brasil busca consolidar um papel mais ativo nas cadeias globais de valor, abrindo portas para projetos inovadores em energia limpa, logística, tecnologia e preservação ambiental.
A expectativa é que a cooperação gere benefícios diretos para setores como infraestrutura, agricultura sustentável e indústria verde, posicionando o país como um player relevante nas negociações internacionais nos próximos anos.