O ano de 2025 começa com grandes responsabilidades para o nosso país, o Brasil assume presidência do Brics pela quarta vez, em um momento decisivo para o grupo que reúne algumas das principais economias emergentes do mundo . Com a recente expansão do bloco, que agora inclui 21 países membros, a liderança brasileira terá papel crucial na coordenação de agendas econômicas, políticas e sociais que prometem moldar a ordem global.
Além de fortalecer a cooperação entre as nações do “Sul Global”, a presidência do Brics representa uma oportunidade estratégica para o Brasil consolidar sua posição geopolítica e estimular o desenvolvimento socioeconômico interno.
Brasil assume presidência do Brics: Expansão histórica
O Brics, que originalmente era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, deu um salto em 2024 com a inclusão de novos membros como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã. Agora, sob a presidência brasileira, o grupo se expande ainda mais, com a entrada de países como Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia e Uzbequistão, somando um total de 21 integrantes.
Esse movimento reflete a crescente relevância do bloco no cenário internacional e sua intenção de atuar como um contrapeso ao domínio econômico do Ocidente. De acordo com Eduardo Saboia, embaixador do Brasil no Brics, “o entendimento entre esses países ajuda a alcançar um entendimento mais amplo com outras nações, criando um mundo mais inclusivo e sustentável”.
Os desafios e metas da presidência brasileira
O Brasil assume presidência do Brics com o lema: “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável” . A agenda oficial, divulgada pelo governo, destaca cinco prioridades para os próximos 12 meses:
- Facilitação de negociações e investimentos
O desenvolvimento de meios de pagamento que reduzam a dependência do dólar não está no topo da lista. Apesar de ser uma proposta controversa, especialmente para os Estados Unidos, o objetivo é promover transações comerciais mais ágeis e independentes dentro do bloco. - Governança da Inteligência Artificial
A presidência brasileira propõe a criação de diretrizes para o uso responsável da inteligência artificial, garantindo que ela seja um motor de desenvolvimento, especialmente nos países emergentes. - Financiamento climático
Em diálogo com a COP 30, que será realizada em Belém, o Brasil pretende liderar a discussão sobre como financiar medidas para mitigar as mudanças climáticas, fortalecendo sua posição como referência em questões ambientais. - Saúde pública
Projetos de cooperação voltados para a saúde pública serão um dos pilares da agenda. A troca de tecnologia e o fortalecimento de sistemas de saúde entre os membros são prioridades, especialmente após as lições da pandemia de Covid-19. - Fortalecimento institucional
Ampliar a relevância do Brics no cenário global e consolidar sua capacidade de influência decisões multilaterais são objetivos centrais da presidência brasileira.
Moeda comum do Brics: A controvérsia
Uma das propostas mais debatidas no Brics é a criação de uma moeda comum para facilitar o comércio entre os países membros. Embora a ideia tenha ganhado força com as declarações do presidente Lula em 2023, ela enfrentou forte resistência, especialmente do governo dos Estados Unidos.
O recém-eleito presidente americano, Donald Trump, já se manifestou contra qualquer movimento que enfraqueça o dólar como moeda de reserva global. Trump chegou a ameaçar importar tarifas de 100% sobre produtos de países que avançam nessa agenda e alertou que essas nações poderiam perder acesso ao mercado americano.
Impacto para investidores
A presidência do Brics pelo Brasil oferece oportunidades e desafios para investidores que acompanham o cenário econômico global.
Potenciais ganhos:
- Aumento do comércio regional: A facilitação de transações comerciais dentro do bloco pode beneficiar empresas brasileiras exportadoras, especialmente nos setores de commodities e tecnologia.
- Investimentos em sustentabilidade: A prioridade dada ao financiamento climático e à governança sustentável deve atrair capital para projetos de infraestrutura verde, energia renovável e preservação ambiental no Brasil.
- Fortalecimento do real: A redução da dependência do dólar em transações internacionais pode diminuir a volatilidade cambial e atrair investimentos estrangeiros de longo prazo.
Riscos:
- Tensões geopolíticas: A resistência dos Estados Unidos a certas iniciativas do Brics, como a moeda comum, pode gerar instabilidade nos mercados financeiros.
- Desafios internos: O Brasil precisará mostrar liderança eficaz, especialmente em um momento em que questões fiscais e econômicas locais permanecem delicadas.
Brasil na COP 30: Um evento estratégico
A notícia de que o Brasil assume presidência do Brics em 2025 coincide com outro evento de grande relevância: a realização da COP 30 em Belém. O encontro das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas será uma oportunidade para o Brasil fortalecer sua liderança global em sustentabilidade.
Além de integrar a agenda climática ao Brics, o governo brasileiro planeja usar o evento para atrair investimentos estrangeiros e destacar iniciativas de preservação da Amazônia.
O que esperar do Brics em 2025
A liderança do Brasil no Brics ocorre em um contexto de transformações significativas. Com a expansão do bloco e o aumento de sua influência, o grupo tem a oportunidade de redefinir as regras do comércio e da governança internacional.
Para investidores, 2025 será um ano crucial para monitorar as decisões tomadas sob a presidência brasileira. O fortalecimento do bloco, alinhado a uma agenda de sustentabilidade e inovação, pode abrir novas oportunidades de negócios em setores estratégicos.
Com mais de 100 reuniões programadas até julho e a cúpula de líderes do Brics no Rio de Janeiro, o Brasil terá a chance de consolidar sua posição como uma liderança no cenário global. Sob o lema de “cooperação e inclusão”, o país buscará equilibrar interesses diversos e avançar em uma agenda que promete moldar o futuro das economias emergentes.
O Brasil assume presidência do Brics em um momento de grandes expectativas e desafios. Com uma agenda ambiciosa que inclui questões econômicas, ambientais e tecnológicas, o país terá a oportunidade de demonstrar sua capacidade de liderança global.
Para investidores, os próximos 12 meses representarão uma fase de grandes mudanças, onde riscos e oportunidades serão oferecidos lado a lado. A palavra-chave será adaptação, enquanto o Brasil trabalha para fortalecer a cooperação do Sul Global e abrir novos caminhos para o crescimento sustentável.
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