O bitcoin (BTC) renovou suas máximas históricas nesta segunda-feira (6), alcançando o patamar de US$ 125.802,54, segundo dados do Coin Market Cap.
Com o novo salto, a maior criptomoeda do mundo acumula uma valorização superior a 30% em 2025, ampliando o entusiasmo dos investidores e reacendendo o debate: até onde o preço do BTC pode ir?
Segundo Taiamã Demaman, líder de Research da Coinext, o movimento de alta reflete uma combinação de fatores técnicos e macroeconômicos.
“Após um setembro marcado por liquidações intensas no mercado de opções, que levaram o ativo a testar a região dos US$ 108 mil, o fechamento acima de US$ 114 mil foi determinante para preservar a estrutura de alta”, explica o analista.
O efeito “short squeeze” e o impulso técnico do bitcoin (BTC)
Demaman aponta que, entre US$ 114 mil e US$ 117 mil, havia uma “zona de acúmulo negativo” — região onde traders apostavam na queda do ativo.
Quando o preço superou esse nível, ocorreu um short squeeze, fenômeno em que vendedores a descoberto são obrigados a recomprar posições para evitar perdas, impulsionando ainda mais a cotação.
“O movimento gerou um efeito em cadeia, levando o BTC rapidamente rumo aos US$ 125 mil”, afirma o analista.
Esse tipo de correção forçada é comum em períodos de alta volatilidade, mas o tamanho do rali chamou atenção mesmo dos mais experientes no mercado cripto.
Fatores estruturais impulsionam o novo rali
Para Ricardo Dantas, CEO da Foxbit, o desempenho recente do bitcoin (BTC) não se resume a movimentos técnicos. Ele reflete, segundo o executivo, uma combinação de fundamentos macroeconômicos, institucionais e geopolíticos.
“A aproximação da máxima histórica reforça o apetite do investidor por ativos alternativos diante de um cenário global de incerteza fiscal e expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos”, comenta Dantas.
Além disso, o executivo destaca o papel dos ETFs de bitcoin à vista, que ampliaram a exposição institucional ao ativo e atraíram novos fluxos de capital.
“O mercado hoje é mais maduro. Há players institucionais comprando BTC de forma estruturada, com teses de longo prazo e gestão de risco profissional. Isso muda a dinâmica de volatilidade e reduz a especulação extrema”, diz.
O papel da liquidez global e dos juros americanos
A opinião é compartilhada por Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, que associa o rali recente do bitcoin (BTC) à melhora na liquidez global e à política monetária norte-americana.
“O impulso de liquidez global e a inclinação do Federal Reserve (Fed) em direção a cortes preventivos estabeleceram uma base sólida para a alta recente. É um ciclo de alta auto-reforçado: a demanda institucional via ETFs está comprimindo a oferta, enquanto o otimismo sazonal e as tensões geopolíticas posicionam o BTC como uma proteção contra inflação”, avalia Plein.
De fato, em períodos de instabilidade geopolítica, o bitcoin tende a ser visto como um ativo de reserva alternativa, semelhante ao ouro.
O aumento das tensões no Oriente Médio e a desaceleração da economia chinesa também têm reforçado o movimento de busca por “portos seguros” digitais.
Até onde vai o preço do bitcoin?
Projetar o comportamento futuro do bitcoin (BTC) continua sendo uma tarefa complexa, dado o caráter volátil e especulativo do mercado cripto.
Ainda assim, a maioria dos analistas vê espaço para valorização até o fim de 2025.
As projeções mais conservadoras estimam que o BTC pode chegar a US$ 150 mil, enquanto as mais otimistas apontam para US$ 200 mil.
Os principais níveis de resistência estão nas faixas de US$ 133 mil e US$ 144 mil, enquanto os suportes técnicos permanecem em US$ 117,5 mil e US$ 114,5 mil.
Taiamã Demaman, da Coinext, alerta que a pressão vendedora pode aumentar.
“Com o BTC em máxima histórica, praticamente 100% dos investidores estão no lucro, o que naturalmente eleva o risco de realização de ganhos no curto prazo”, explica.
Bitcoin (BTC) e a maturidade do mercado cripto
Outro ponto destacado pelos analistas é a maturidade crescente do mercado de criptomoedas.
O aumento da regulação, a transparência de exchanges internacionais e o fortalecimento de instituições de custódia têm reduzido o risco sistêmico do setor.
“O bitcoin já não é mais visto como um ativo marginal. Hoje, ele integra portfólios institucionais, fundos de pensão e estratégias de hedge globais. Esse amadurecimento tende a sustentar preços mais altos e reduzir a volatilidade extrema do passado”, avalia Dantas, da Foxbit.
Contudo, os especialistas ressaltam que o investimento em BTC continua sendo de alto risco. Oscilações bruscas, mudanças regulatórias e eventos macroeconômicos globais podem gerar quedas expressivas em poucos dias.
Riscos e considerações finais
Apesar do otimismo, há alertas importantes.
O mercado de criptomoedas segue sensível a decisões de bancos centrais, à evolução da regulação internacional e a eventos geopolíticos.
Além disso, o halving — evento que reduz pela metade a emissão de novos bitcoins a cada quatro anos — já está precificado por parte dos investidores, o que pode limitar novos impulsos de curto prazo.
Especialistas recomendam cautela e diversificação.
“O ideal é manter o bitcoin como uma pequena parcela do portfólio, de 1% a 5%, focando no longo prazo e em estratégias de gestão de risco”, orienta Plein, da Coinbase.
O bitcoin (BTC) vive um dos momentos mais marcantes de sua história, superando recordes e atraindo tanto investidores individuais quanto institucionais.
Entretanto, o rali de 2025 traz um lembrete importante: mesmo em um cenário de otimismo global, o ativo digital mais valioso do mundo continua sujeito a ciclos intensos de euforia e correção.
A trajetória do BTC até o fim do ano dependerá da combinação entre liquidez global, apetite ao risco, decisões de política monetária e eventos geopolíticos — um conjunto de variáveis que reforça o caráter dinâmico e imprevisível do mercado cripto.