O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou nesta quinta-feira (3) que seu governo está “discutindo” possíveis planos de Israel para atacar a infraestrutura petrolífera do Irã. A declaração, feita de forma informal para repórteres do lado de fora da Casa Branca, gerou fortes reações no mercado global de petróleo, com os preços subindo rapidamente para os níveis mais altos em um mês.
O petróleo Brent, referência internacional, registrou uma alta de 5%, atingindo US$ 77,65 por barril poucos minutos após o comentário de Biden. A possível retaliação israelense seria uma resposta aos recentes ataques de mísseis iranianos, ocorridos na última terça-feira (1º), em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio.
Possíveis Retaliações e Risco de Escalada no Conflito
Os Estados Unidos e Israel estão discutindo qual seria a resposta apropriada ao ataque iraniano, que lançou 181 mísseis balísticos, a maioria dos quais foi interceptada, mas alguns atingiram bases militares, como a base aérea Nevatim. Segundo Biden, os EUA continuam aconselhando Israel, sem, no entanto, ter dado uma “permissão” formal para qualquer ataque.
“Primeiro de tudo, nós não ‘permitimos’ Israel, nós aconselhamos Israel”, afirmou Biden. “E não há nada que acontecerá hoje.”
Embora Biden tenha buscado minimizar o imediatismo de uma ação, o mercado reagiu de forma instantânea, refletindo o temor de que um ataque israelense às instalações petrolíferas iranianas possa desencadear uma retaliação massiva do Irã, com consequências graves para o fluxo de petróleo no Golfo Pérsico.
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Impactos no Mercado de Petróleo e Possível Escalada de Preços
A reação imediata dos preços do petróleo reflete os temores de interrupções no fornecimento global, especialmente considerando a importância do Estreito de Ormuz, uma rota por onde passa cerca de 20% do petróleo comercializado no mundo. Analistas destacam que qualquer bloqueio ou ataque a essa região crucial poderia levar a um aumento significativo nos preços da commodity.
“Se Israel atacar a infraestrutura petrolífera iraniana, o Irã pode retaliar bloqueando o Estreito de Ormuz ou atacando a infraestrutura de petróleo saudita”, afirmou Ashley Kelty, analista da Panmure Gordon.
Além disso, um aumento sustentado nos preços do petróleo teria implicações econômicas para os Estados Unidos, particularmente em um momento em que o país está prestes a enfrentar eleições presidenciais. Um aumento nos preços da gasolina poderia prejudicar a vice-presidente Kamala Harris, que lidera a chapa democrata na corrida eleitoral contra Donald Trump.
Reações Internacionais e Alerta do Irã
O governo do Irã emitiu uma declaração dura em resposta às especulações sobre um possível ataque israelense. O país alertou que qualquer nação que auxiliar Israel em uma ofensiva militar também será considerada um alvo legítimo.
“Se qualquer país prestar assistência ao agressor, também será considerado cúmplice e um alvo legítimo”, disse a missão do Irã na ONU em comunicado emitido em Nova York.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, também procurou garantias dos líderes do Golfo Pérsico de que permanecerão neutros em caso de um ataque conjunto israelense-americano contra o Irã. Durante uma cúpula em Doha, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan, afirmou que o país busca encerrar suas divergências com o Irã e desenvolver relações de amizade.
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Contexto Geopolítico: Israel, Líbano e a Resposta Iraniana
O conflito no Oriente Médio se intensificou nos últimos dias, com Israel realizando bombardeios em Beirute que resultaram em várias mortes, incluindo o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. O ataque israelense foi uma resposta ao lançamento de mísseis iranianos, marcando uma escalada significativa em uma disputa que começou na Faixa de Gaza e que agora ameaça envolver toda a região.
“Israel tem o direito de responder proporcionalmente”, afirmou Biden, acrescentando que os aliados do G7 estão alinhados com essa postura. No entanto, ele expressou sua oposição a um ataque ao programa nuclear iraniano, indicando que a resposta deve se limitar a alvos militares e econômicos.
Enquanto isso, o emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, condenou as ações de Israel, classificando os ataques como “genocídio coletivo”. Ele também alertou que a situação em Gaza está transformando a região em uma área inabitável, exacerbando o risco de deslocamento em massa.