O Banco Master teve sua tentativa de adquirir ativos do Banco de Brasília (BRB) negada pelo Banco Central (BC). A operação, considerada estratégica pelo BRB, envolvia segmentos relevantes como crédito consignado, serviços de câmbio e operações com médias e grandes empresas.
No entanto, o BC apontou riscos ligados à sucessão de passivos e ao aumento da exposição do banco estatal a ativos problemáticos.
O que estava em jogo para o Banco Master
Desde o início das negociações, em março de 2025, o mercado observava com cautela os movimentos do Banco Master, que cresceu aceleradamente oferecendo CDBs com rentabilidade elevada para investidores de varejo, amparados pela cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
A proposta de compra do BRB excluía ativos considerados “tóxicos”, como precatórios e fundos de investimento. O valor desses ativos, inicialmente de R$ 23 bilhões, saltou para R$ 51,2 bilhões durante as negociações, o que aumentou a preocupação regulatória.
Por que o Banco Central rejeitou a operação
Segundo analistas, o Banco Central avaliou que a transferência dos ativos poderia comprometer a estabilidade do BRB e representar um risco elevado. A recusa segue as normas de supervisão bancária, mesmo após auditorias internas do BRB apontarem viabilidade no negócio.
Quais os cenários possíveis para o Banco Master
Especialistas apontam quatro caminhos possíveis para o Banco Master:
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Recurso ao Banco Central – pouco provável, já que seriam necessários fatos novos.
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Venda parcial de ativos – opção mais viável, dividindo operações entre diferentes compradores.
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Intervenção do BC – hipótese em caso de deterioração da liquidez.
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Liquidação – cenário extremo, que acionaria o FGC para ressarcir investidores até R$ 250 mil por CPF.
Situação financeira do Banco Master
Apesar das incertezas, o Banco Master lucrou R$ 1,068 bilhão em 2024, dobrando os ganhos em relação a 2023. Contudo, a agência Fitch rebaixou sua nota de crédito para B-, destacando fragilidade na liquidez. Se houver piora, o rating pode cair para CCC, nível próximo ao default.
Para os investidores, o risco maior recai sobre valores aplicados acima da cobertura do FGC, enquanto aplicações até R$ 250 mil continuam protegidas.
Há risco sistêmico?
Analistas reforçam que, mesmo em um cenário adverso, o Banco Master não representa risco sistêmico ao mercado financeiro. Isso porque a instituição não possui peso significativo nas operações interbancárias.
O maior impacto seria no FGC, que teria de honrar eventuais ressarcimentos, aumentando custos de recomposição para outros bancos.
O que esperar do Banco Master
O futuro do Banco Master dependerá de sua capacidade de reorganizar ativos e cumprir as exigências do Banco Central. Apesar de registrar lucro bilionário, a combinação de pressões regulatórias, liquidez mais apertada e desconfiança do mercado exige cautela por parte dos investidores.