Banco do Brasil desiste de processar advogados na crise do agronegócio

Banco do Brasil recua de ação contra advogados após pressão da OAB. Recuperações judiciais do agro somam bilhões e preocupam o setor.
Banco do Brasil

O Banco do (BB) voltou atrás e decidiu não levar adiante a ideia de processar escritórios de advocacia que vêm orientando produtores rurais endividados a recorrer à como alternativa à renegociação de . A decisão foi tomada após pressão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que chegou a acionar a Justiça contra a postura do banco.

A presidente da instituição, Tarciana Medeiros, havia declarado em agosto que avaliava a possibilidade de processar advogados que incentivassem clientes do agro a buscar proteção judicial. O movimento, porém, gerou reação negativa no meio jurídico e político, levando o BB a recuar.

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Crise no campo pressiona o Banco do Brasil

Os pedidos de recuperação judicial de do agronegócio explodiram neste ano e já representam uma das maiores crises enfrentadas pelo banco, que é o principal financiador do setor no país. Apenas no último trimestre, a instituição registrou R$ 12,73 bilhões em atrasos superiores a 90 dias — um salto que ajudou a derrubar em 60% o lucro líquido do banco no período.

Desse montante, R$ 2,27 bilhões já estão diretamente relacionados a recuperações judiciais, número que acendeu um alerta no .


Banco do Brasil monitora 808 clientes sob recuperação

Atualmente, o Banco do Brasil acompanha 808 clientes em recuperação judicial, com dívidas que somam cerca de R$ 5,4 bilhões. Parte desses valores ainda não entrou no balanço do banco porque os vencimentos não ocorreram, mas a preocupação é crescente.

A é atribuída a uma combinação de fatores: pandemia, juros altos, caro e restrito, além da dos preços agrícolas. Contudo, investigações apontam também casos de má-fé e fraude, com produtores e advogados entrando com pedidos de recuperação que não se enquadram na legislação.


Questão chega ao CNJ

A atuação dos escritórios de advocacia especializados no setor levou o tema ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No fim de maio, o corregedor-nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, instalou uma comissão especial para propor medidas que aprimorem a atuação do Judiciário em processos de recuperação judicial e falência de produtores rurais.


Impasse continua

Embora o Banco do Brasil tenha desistido de enfrentar diretamente os advogados, o problema estrutural permanece: o crescimento dos pedidos de recuperação no campo ameaça não apenas os balanços do banco, mas também a confiança no sistema de crédito rural.

O recuo do BB evita um embate com a advocacia organizada, mas não resolve a pressão de um setor que, ao mesmo tempo que é vital para a economia, enfrenta uma das maiores crises financeiras de sua história recente.

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