O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, enfatizou a necessidade de perseverar na ancoragem da inflação à meta oficial durante audiência na Câmara dos Deputados na quarta-feira, onde enfrentou perguntas sobre seus investimentos pessoais e laços com o governo anterior.
Falando aos parlamentares da Câmara, Campos Neto observou que a inflação subjacente está “caindo muito”. O processo de desinflação está em andamento, mas ainda requer uma política monetária apertada, acrescentou.
Segundo Campos Neto, a inflação de meados de setembro, que atingiu 5% em base anual, foi significativamente impactada pela alta dos preços da gasolina.
Antes de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais tarde na quarta-feira, a primeira entre eles desde que o líder de esquerda voltou ao poder em janeiro, ele elogiou o governo por sua decisão de manter a meta de inflação em 3%, destacando que é um passo crucial para o início do ciclo de afrouxamento monetário.
Os formuladores de políticas do Banco Central cortaram a taxa de juros de referência em 50 pontos-base em cada uma das reuniões deste mês e em agosto, reduzindo-a para 12,75% após mantê-la estável por quase um ano para domar a alta inflação.
Os altos custos de empréstimos atraíram duras críticas de Lula, seus aliados políticos e membros da comunidade empresarial.
Campos Neto disse aos parlamentares que é importante para o governo tentar atingir suas novas regras fiscais, que incluem eliminar o déficit orçamentário primário do Brasil até 2024. O Banco Central havia enfatizado essa mensagem em seu comunicado mais recente.
Ele disse que os mercados avaliarão os esforços para cumprir essas metas, mesmo que não sejam totalmente realizados.
Os economistas estão céticos de que as metas fiscais possam ser cumpridas, pois dependem muito do aumento da receita, muitos dos quais são incertos e dependem da aprovação do Congresso.
Campos Neto endossou duas das propostas do governo de tributar fundos fechados e offshore que atualmente gozam de vantagens fiscais que beneficiam os brasileiros mais ricos.
O presidente do Banco Central disse que apoia uma alíquota de imposto de 10% para aqueles que aderirem às novas regras este ano, maior do que os 6% propostos por alguns parlamentares.
Campos Neto detém investimentos offshore, que segundo ele sempre foram divulgados em suas declarações de bens públicas e não são geridos ativamente desde que assumiu o cargo em 2019, após ser nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele foi questionado sobre esses investimentos por Lindbergh Farias, parlamentar que atua como vice-líder de Lula no Congresso.
Campos Neto acrescentou que esperava discutir o crescimento econômico melhor do que o esperado do Brasil durante a audiência, destacando o mercado de trabalho resiliente e o desempenho favorável da inflação, em vez de aprofundar seus próprios investimentos.