A safra brasileira de soja enfrenta dificuldades devido ao atraso da colheita de soja, especialmente no estado do Mato Grosso, principal produtor nacional. O Bank of America (BofA) destacou em um relatório que essa situação pode gerar impactos significativos na produção de milho e algodão, além de afetar os preços agrícolas globais.
De acordo com o banco, até o final de janeiro, apenas 12% da área plantada foi colhida, contra uma média histórica de 25%. O excesso de chuvas em janeiro atrasou os trabalhos no campo, prejudicando o calendário agrícola e elevando os riscos para o plantio da segunda safra de milho e algodão, que precisa ser realizado dentro de uma janela específica para garantir boa produtividade.
Impacto do atraso da colheita de soja na produção de milho e algodão
A demora na retirada da soja dos campos afeta diretamente o plantio do milho safrinha e do algodão. No Mato Grosso, apenas 6,3% da área destinada ao milho havia sido plantada até o dia 31 de janeiro, bem abaixo dos 28,7% registrados no ano passado e da média histórica de 22%.
Para o algodão, o cenário também preocupa. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 53% da área total foi semeada até o final de janeiro, um avanço em relação aos 28% da semana anterior, mas ainda abaixo dos 95% registrados no mesmo período do ano passado.
“Acreditamos que esta seja uma semana crítica para o plantio de algodão, que historicamente atinge 80%-90% na primeira semana de fevereiro, e para a produtividade. O Brasil responde por 30% do comércio global de algodão”, apontam os analistas do BofA.
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Cenário climático e preços das commodities
Além do atraso da colheita de soja, o clima também tem impactado a produtividade em outras regiões do Brasil. O estado do Rio Grande do Sul, responsável por 12% da produção nacional de soja, sofreu com uma seca recente, o que deve reduzir sua produção.
Esse cenário, aliado à menor oferta nos Estados Unidos, pode sustentar os preços do milho, que já registraram um aumento de 10% em dólar na Bolsa de Chicago (CBOT).
Os analistas do BofA alertam que, embora a safra de milho esteja atrasada, a produtividade dependerá das chuvas nos próximos meses, especialmente entre o final do primeiro trimestre e o início do segundo. Se as condições climáticas permanecerem dentro da média histórica, a expectativa é que a produtividade do milho não seja severamente comprometida.
Bank of America reforça compra de SLC Agrícola
O relatório do Bank of America também destaca que os preços dos grãos atingiram seu menor patamar no terceiro trimestre de 2024, mas apresentam potencial de recuperação devido aos desafios climáticos no Brasil e nos Estados Unidos. Como consequência, o banco reforçou sua recomendação de compra para a SLC Agrícola (SLCE3), que possui um preço-alvo de R$ 24 e um potencial de alta de 36,13%.
Além disso, a instituição financeira observa que o real mais fraco começou a pressionar os custos da ração no Brasil, o que pode impactar a rentabilidade do setor de proteínas. Nesse contexto, o banco mantém posição favorável para a JBS (JBSS3), devido à sua diversificação de produtos, em relação à BRF (BRFS3), que tem maior exposição ao mercado de frango.
Expectativas para o mercado agrícola em 2025
O impacto do atraso da colheita de soja sobre o milho e o algodão ainda dependerá do comportamento do clima nas próximas semanas. Caso as chuvas não sejam bem distribuídas, os riscos de queda na produtividade podem aumentar, o que fortaleceria ainda mais os preços do milho no mercado internacional.
No caso da soja, além do atraso na colheita, os produtores devem enfrentar desafios relacionados à qualidade do grão, o que pode resultar em descontos nos preços recebidos pelos agricultores.
Os investidores e analistas do setor agrícola seguem atentos aos desdobramentos climáticos e às atualizações sobre o ritmo da colheita. A tendência para os próximos meses é de alta volatilidade nos preços das commodities agrícolas, com impactos diretos nas margens de exportação do Brasil.
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Atraso da colheita de soja: Impactos futuros
O atraso da colheita de soja no Brasil já impacta a produção de milho e algodão, elevando os riscos para a produtividade das lavouras e influenciando os preços internacionais dos grãos. Segundo o Bank of America, esse cenário pode ser benéfico para os preços do milho, enquanto impõe desafios ao setor agrícola brasileiro.
A recomendação do banco para a SLC Agrícola (SLCE3) reforça a confiança na empresa, que possui alta eficiência operacional e sólida execução estratégica. Além disso, os desdobramentos climáticos continuarão sendo o fator-chave para o desempenho das commodities ao longo do ano.
Diante desse contexto, investidores e produtores devem acompanhar de perto os próximos relatórios sobre o avanço da colheita e as condições climáticas para avaliar os impactos futuros no setor agrícola brasileiro.
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