Ações da Ambipar (AMBP3) caem 45% e mercado teme recuperação judicial

Ambipar (AMBP3) desaba até 45% em meio à crise de liquidez e cobrança de credores. Mercado teme recuperação judicial
Ambipar (AMBP3)

A Ambipar (AMBP3) vive mais um capítulo turbulento no mercado financeiro. Nesta quinta-feira (2), as ações chegaram a cair 45% no pregão, sendo negociadas a R$ 4,78 por volta das 13h18, acumulando uma perda de quase 60% desde o início da semana. A derrocada contrasta com o desempenho de 2024, quando os papéis dispararam mais de 1.000% e transformaram a companhia em uma das estrelas da Bolsa.

Onde está o caixa da Ambipar?

O principal ponto de atenção entre analistas e credores é a situação do caixa da empresa. Segundo informações do Broadcast, alguns credores têm buscado rastrear onde estão os recursos da companhia. Estimativas apontam que apenas US$ 80 milhões (cerca de R$ 400 milhões) teriam sido encontrados, valor muito inferior ao informado anteriormente.

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No relatório do segundo trimestre de 2025, a Ambipar havia reportado uma posição de caixa de R$ 4,7 bilhões, número que agora é colocado em dúvida diante da dificuldade da empresa em honrar compromissos de curto prazo. A agência de classificação de risco já havia destacado essa inconsistência ao apontar que, apesar de apresentar uma dívida de curto prazo relativamente baixa (R$ 616 milhões, apenas 5% da dívida bruta), a companhia alegava dificuldades de liquidez.

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Pressão das agências de risco

As agências internacionais reagiram rapidamente. A S&P rebaixou a nota da Ambipar de forma drástica, colocando a empresa em situação de alto risco de inadimplência. Já a Fitch também reduziu o rating, de BB- para C, um nível acima do calote, destacando que a deterioração da confiança e a nos títulos da empresa indicam cenário de forte estresse financeiro.

Tentativa de negociação com credores

Para tentar evitar um processo de recuperação judicial (RJ), a Ambipar contratou a BR Partners () como assessora financeira. O movimento acontece após um pedido de proteção judicial, visto como uma etapa preliminar à RJ.

Segundo fontes de mercado, o objetivo é conduzir negociações amigáveis com credores, o que poderia dar fôlego à companhia e evitar medidas mais drásticas. Contudo, a debandada recente de diretores e o cenário de desconfiança levantam dúvidas sobre a capacidade da empresa de reverter a situação no curto prazo.

Dívidas em cascata: o estopim da crise

A atual foi intensificada após o colapso dos bonds da Ambipar com vencimento em 2031, que despencaram no no dia 22 de setembro. Pouco depois, a companhia anunciou sua sétima emissão de , no valor de R$ 3 bilhões, o que acendeu ainda mais os alertas sobre sua saúde financeira.

O , um dos principais credores, exigiu um aditivo de US$ 35 milhões, previsto em contrato para situações de desvalorização de bonds. A cobrança poderia desencadear um efeito dominó, acelerando obrigações que somam até R$ 10 bilhões. Sem alternativas, a Ambipar recorreu à Justiça para obter proteção, alegando que o banco alemão exigia garantias além do estabelecido contratualmente.

Futuro incerto

A situação da Ambipar expõe o risco de liquidez e a vulnerabilidade de um modelo de negócios que, após mais de 70 aquisições em poucos anos, acabou acumulando complexidade financeira e dívidas bilionárias.

Embora ainda haja expectativa de uma solução negociada, o mercado observa com cautela. A cada sessão, a queda nas ações reforça o temor de que a empresa não consiga reestruturar seu endividamento sem recorrer à .

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