Ambipar (AMBP3) cai mais 30% e ações passam a valer centavos

Ações da Ambipar (AMBP3) desabam mais 30% e passam a valer centavos após pedido de proteção contra credores. Entenda as causas da crise
Ambipar (AMBP3)

As ações da (AMBP3) voltaram a despencar nesta segunda-feira (6), ampliando a sequência de fortes quedas observadas nas últimas semanas. Durante parte do pregão, os papéis chegaram a ser negociados a R$ 0,93, registrando nova mínima histórica. Às 15h02, as ações caíam 28,57%, cotadas a R$ 1,00. Desde o pedido de proteção judicial contra credores, feito há menos de duas semanas, a companhia acumula queda superior a 90%.


Pedido de proteção judicial e origem da crise

A Ambipar, referência no setor de gestão ambiental e resposta a emergências, entrou com o pedido de proteção contra execução de após enfrentar fortes impactos financeiros relacionados a operações de derivativos atrelados aos green bonds (títulos verdes) emitidos pela empresa.

Publicidade: Banner Header – Meio do post

Segundo a companhia, a medida tem como objetivo preservar a continuidade das operações e proteger os ativos enquanto busca renegociar obrigações financeiras junto aos credores.

Na petição encaminhada à Justiça do Rio de Janeiro, a Ambipar afirma que o pedido foi motivado por divergências contratuais com o , especialmente em torno das chamadas de margem de derivativos, que teriam somado mais de R$ 200 milhões nos últimos dias.


Dívidas e exposição dos bancos

A da Ambipar também colocou em alerta o sistema financeiro. De acordo com fontes ouvidas pelo portal Exame/Insight, Santander e Bradesco são os bancos brasileiros mais expostos à empresa, com aproximadamente R$ 600 milhões e R$ 300 milhões em ívidas, respectivamente.

Além disso, a companhia possui cerca de R$ 6 bilhões em bonds no mercado internacional e R$ 3 bilhões em locais, ampliando o tamanho do desafio para reestruturar sua dívida.

💰 Quer viver de renda? Baixe agora a Carteira de Dividendos do BTG!


Liquidez questionada e dúvidas sobre o caixa

Apesar do cenário de tensão, o balanço do segundo trimestre de 2025 indicava alta liquidez, com quase R$ 5 bilhões em disponibilidades. Desse montante, R$ 2,6 bilhões estavam em caixa ou aplicações de resgate imediato, e outros R$ 2,1 bilhões estavam alocados em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), com prazo de resgate entre 30 e 60 dias.

Esses números chamaram atenção do mercado e levantaram questionamentos sobre a real disponibilidade dos recursos. Para analistas, a decisão de recorrer à Justiça indica que parte desse caixa pode estar comprometida ou inacessível, o que explica o agravamento da crise.


Desvalorização recorde e pressão do mercado

Desde o início de 2025, a Ambipar já vinha enfrentando forte pressão dos investidores após as notícias sobre as dificuldades com derivativos e green bonds. A incerteza sobre a situação financeira da companhia e a saída de executivos importantes intensificaram a desconfiança.

Com o pedido de proteção judicial e a queda abrupta do valor de mercado, a Ambipar — que já foi considerada um dos principais nomes brasileiros do setor ESG — agora enfrenta um de seus momentos mais críticos.

No acumulado do ano, as ações caíram mais de 95%, transformando-se em um dos piores desempenhos da B3 em 2025.


Perspectivas

O mercado agora aguarda novos desdobramentos do processo judicial e informações mais detalhadas sobre a real situação do caixa e das dívidas da empresa.

Analistas avaliam que, mesmo com o pedido de proteção, a parece cada vez mais provável. Caso confirmada, será um marco negativo para o setor de corporativa no país e poderá afetar a confiança de investidores em títulos de green bonds emitidos por empresas brasileiras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *