O ano de 2025 trouxe uma nova onda de oportunidades para investidores atentos às chamadas ações que se valorizaram fora do radar das grandes empresas listadas na B3. Até o dia 2 de outubro, um grupo seleto de 12 companhias conseguiu entregar ganhos superiores a 100%, em contraste com a valorização modesta de 19,68% do Ibovespa no mesmo período.
Esse desempenho reforça a percepção de que a Bolsa brasileira, em fases de recuperação, concentra ganhos expressivos em empresas específicas, muitas vezes em setores cíclicos ou de nicho, capazes de capturar movimentos de mercado antes dos grandes índices refletirem essa tendência.
O retrato das campeãs de valorização
O levantamento feito pela Elos Ayta mostra que apenas 12 papéis, entre mais de 400 listados, dobraram de valor no ano. Um dado ainda mais interessante é que 10 deles fazem parte do índice Small Caps (SMLL), que reúne empresas de menor capitalização, mas com alto potencial de crescimento.
A mensagem é clara: em 2025, o investidor que buscou empresas menos óbvias e com mais risco conseguiu capturar ganhos exponenciais, enquanto nomes mais tradicionais tiveram uma performance mais tímida.
Três dessas ações também estão no Ibovespa, duas no IDIV (índice de dividendos), e duas sequer fazem parte de índices de relevância, o que reforça o movimento clássico de busca por assimetria e oportunidades fora dos grandes holofotes.
Construção civil e educação puxam a lista
Dois setores se destacam como grandes motores das ações que se valorizaram em 2025: construção civil e educação.
Na construção civil, cinco empresas figuram entre as campeãs: Helbor (HBOR3), Moura Dubeux (MDNE3), Tenda (TEND3), Lavvi (LAVV3) e Cury (CURY3).
Essas incorporadoras vinham de anos desafiadores, com ações descontadas devido aos juros altos. Em 2025, o setor mostrou resiliência e adaptação, com resultados acima do esperado e uma reprecificação acelerada pelo mercado. Muitas dessas empresas partiram de bases de preço extremamente baixas, o que explica as valorizações expressivas.
Já no setor educacional, Cogna (COGN3), Ser Educacional (SEER3) e Ânima (ANIM3) também se destacaram. O segmento passa por forte transformação digital, com crescimento do ensino à distância e redução de custos, o que ampliou margens e melhorou a percepção do mercado sobre a sustentabilidade dos negócios.
Outros setores representados no ranking foram mineração, locação de veículos, energia elétrica e varejo de vestuário, mostrando que a valorização não ficou concentrada em um único segmento.
Quem mais brilhou: altas acima de 150%
Entre as ações que mais se valorizaram, a liderança ficou com a Cogna (COGN3), que disparou 197,76%, consolidando-se como a grande estrela de 2025. A reestruturação da companhia, a desalavancagem e a retomada do crescimento fizeram o mercado enxergar valor onde antes havia dúvidas.
Na sequência, vieram Helbor (HBOR3), com +178,91%, e a mineradora Aura 360 (AURA33), que avançou +173,44%, beneficiada pela valorização internacional dos metais.
Moura Dubeux (MDNE3) (+168,52%) e Ser Educacional (SEER3) (+150,69%) completam o grupo das cinco maiores altas do ano até agora.
Outros destaques foram Movida (MOVI3), com +146,60%, aproveitando a retomada do setor de aluguel de veículos, e Serena (SRNA3), com +124,55%, favorecida por ganhos consistentes no setor elétrico.
Liquidez: oportunidade e risco
Um fator importante a ser observado é a liquidez. Nem todas as campeãs possuem grande volume de negociação. Helbor (HBOR3), por exemplo, negocia em média apenas R$ 3,1 milhões por dia, patamar considerado baixo para grandes investidores institucionais.
O mesmo vale para Ser Educacional (SEER3) e Lavvi (LAVV3), cujas médias diárias também são modestas. Esse fator pode aumentar a volatilidade e dificultar saídas rápidas em momentos de estresse, representando tanto um risco quanto uma oportunidade para investidores individuais.
O que os dados revelam sobre 2025
O contraste entre as ações que se valorizaram acima de 100% e o desempenho de 19,68% do Ibovespa mostra um cenário claro: a Bolsa brasileira segue sendo um mercado de oportunidades concentradas.
O índice reflete o desempenho das grandes companhias — como bancos, estatais e exportadoras —, mas os ganhos mais expressivos vieram de setores menos óbvios, com empresas em turnaround, setores em ciclo de alta ou companhias que estavam fortemente descontadas.
O fato de a maioria dessas ações estar no índice Small Caps reforça que investidores com maior apetite ao risco foram recompensados em 2025. Esse movimento sugere que a recuperação da Bolsa ainda não é uniforme e que a seleção criteriosa de ativos é o diferencial para superar o mercado.