As ações da Raízen e Cosan iniciaram a semana em queda no Ibovespa, refletindo as incertezas políticas e econômicas relacionadas à Argentina. Por volta das 12h53 desta segunda-feira (21), os papéis da Cosan (CSAN3) caíam 1,17%, enquanto as ações da Raízen (RAIZ4) recuavam 1,97%. Ambas figuravam entre as principais baixas do índice.
As empresas enfrentam um contexto de reestruturação, com foco em redução da alavancagem financeira. A Raízen, por exemplo, anunciou recentemente a venda da Usina Santa Elisa por R$ 1 bilhão, medida alinhada à estratégia de otimização do portfólio. Além disso, a Cosan está em tratativas com a Vibra para uma possível venda da Moove, sua subsidiária no segmento de lubrificantes.
Apesar dessas movimentações serem vistas como positivas pelo mercado, os investidores seguem cautelosos devido ao ritmo lento nas negociações de ativos na Argentina. Segundo o serviço Broadcast, o processo de desinvestimento está sendo afetado pelas eleições legislativas argentinas, que renovarão 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados — votação considerada fundamental para o governo de Javier Milei.
Segundo Martín Fernández Dussaut, especialista em fusões e aquisições do escritório argentino Salaverri, Burgio Wetzler Malbrán, “existem vários ativos à venda, mas é lógico esperar alguns meses até as eleições. Um revés para o presidente Milei pode gerar instabilidade e afetar as negociações”.
Presença da Raízen na Argentina
A operação da Raízen no país vizinho é robusta. A empresa adquiriu os ativos da Shell em 2018, incluindo a refinaria Dock Sud, a segunda maior da Argentina, avaliada em US$ 1 bilhão na época. Além disso, mantém:
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Mais de 1.000 postos de combustíveis;
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Uma planta de lubrificantes;
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Três terminais terrestres;
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Duas bases de abastecimento em aeroportos;
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Operações em GLP (gás liquefeito de petróleo).
Esses ativos, combinados com as usinas no Brasil que estão à venda, podem render até R$ 15 bilhões, segundo estimativas de analistas.
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Endividamento e desempenho das ações
A Cosan encerrou o primeiro trimestre de 2025 com uma alavancagem de 2,8 vezes, uma leve queda em relação ao final de 2024. A dívida líquida caiu R$ 6 bilhões, fechando em R$ 17,5 bilhões, impulsionada pela venda de ações da Vale.
Mesmo assim, os papéis da Cosan acumulam queda de 26,7% no último mês, o que sinaliza a desconfiança do mercado em relação à execução da estratégia de desalavancagem e à instabilidade do cenário externo, principalmente o argentino.
Perspectivas para as ações da Raízen e Cosan
A expectativa é que o andamento das reformas na Argentina e a definição das eleições legislativas tragam maior clareza ao ambiente de negócios, permitindo avanços mais significativos nas vendas de ativos da Raízen. Até lá, a volatilidade deve continuar influenciando o desempenho das ações da Raízen e Cosan no curto prazo.