As ações da Embraer (EMBR3) operaram em queda nesta terça-feira (22), mesmo após a companhia divulgar um recorde histórico na sua carteira de pedidos. Por volta das 12h50, os papéis caíam 0,69%, sendo negociados a R$ 67,65, após terem subido mais de 2% no início do pregão.
A fabricante brasileira de aeronaves fechou o segundo trimestre de 2025 com R$ 29,7 bilhões em encomendas, o maior volume da história da empresa. O montante representa um crescimento de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior e de 13% frente ao primeiro trimestre.
Além disso, a Embraer entregou 61 aeronaves entre abril e junho, um crescimento expressivo de 30% na comparação anual. O número também mais que dobrou em relação ao primeiro trimestre deste ano, que teve 30 entregas.
Números impressionam, mas tensões pesam sobre as ações da Embraer
Mesmo diante de números robustos, analistas destacam que as incertezas macroeconômicas e geopolíticas pesam mais no comportamento da ação neste momento.
O principal fator de risco para o desempenho futuro da Embraer é o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump, que pode entrar em vigor em breve. Como cerca de 50% da receita da companhia está ligada às exportações para os Estados Unidos, uma tarifa nesse patamar teria impacto direto nos lucros futuros.
Os analistas do Santander avaliaram o desempenho da carteira de pedidos como “muito positivo”, mas destacaram que o cenário global ainda é desafiador. Já o Itaú BBA reforçou que os fundamentos da empresa continuam sólidos, mas que a incerteza quanto às tarifas limita o potencial de valorização no curto prazo.
A mesma preocupação é compartilhada por Ágora Investimentos, Bradesco BBI e Banco Safra, que afirmam que o otimismo pode ser comprometido caso as medidas tarifárias avancem.
XP: cenário incerto, mas sem cancelamentos
A XP Investimentos, que mantém recomendação neutra para EMBR3, ressaltou que não houve cancelamentos de pedidos no trimestre, apesar do cenário de guerra comercial. O trimestre, inclusive, contou com 120 novos pedidos líquidos, o que demonstra a resiliência da empresa.
No entanto, a corretora afirma que o ambiente externo segue incerto e o investidor deve acompanhar os desdobramentos políticos nos EUA antes de aumentar sua exposição ao papel.
Recomendação: comprar ou esperar?
Apesar da queda momentânea das ações da Embraer, os analistas seguem majoritariamente otimistas com o papel. Confira abaixo as recomendações compiladas:
Banco / Corretora | Recomendação | Preço-Alvo |
---|---|---|
Ágora / Bradesco BBI | Compra | R$ 97 |
BTG Pactual | Compra | R$ 94 |
Itaú BBA | Compra | US$ 62 |
Santander | Compra | US$ 62 |
Safra | Compra | US$ 66 |
XP Investimentos | Neutro | R$ 67 |
O que esperar dos próximos trimestres?
Para o segundo semestre, a expectativa é de que a Embraer mantenha o ritmo de entregas, principalmente com a retomada de voos comerciais e ampliação da demanda por jatos executivos e aeronaves militares.
Além disso, o mercado estará atento ao comportamento do dólar, políticas comerciais dos EUA e a possível diversificação dos contratos da empresa para novos mercados — fatores que podem mitigar o impacto do “tarifaço de Trump” sobre o resultado.