O setor de varejo de vestuário está enfrentando desafios significativos devido às mudanças climáticas e à imprevisibilidade das condições meteorológicas. Com temperaturas voláteis, chuvas torrenciais e ondas de calor, os varejistas no Brasil e em todo o mundo estão se adaptando para mitigar possíveis perdas.
Um estudo da Universidade de Cornell revelou que quatro dos principais países produtores de vestuário correm o risco de perder US$ 65 bilhões em ganhos até 2030 devido a condições climáticas extremas. Essas perturbações afetam as operações de back-end e influenciam o comportamento de compra dos clientes. Analisando dados de vendas e volumes de vestuário e calçados de 2010 a 2023, observamos correlações negativas entre temperatura e vendas para a maioria dos varejistas (-0,42 em média). As vendas e volumes do setor também apresentaram correlações negativas de -0,48 e -0,32, respectivamente.
Para enfrentar esses desafios, os varejistas devem adaptar suas coleções de inverno. Migrar para produtos mais leves e de origem nacional pode melhorar o desempenho. Além disso, marcas que investirem em roupas versáteis, design e tecnologia terão uma vantagem competitiva.
Impacto do Clima no Varejo
O outono mais quente deste ano está afetando as vendas das coleções outono-inverno, juntamente com os impactos das tempestades devastadoras no Rio Grande do Sul em maio. Esses eventos climáticos extremos devem levar a um desempenho mais fraco no segundo trimestre para os varejistas de vestuário.
Apesar disso, há alguns fatores que podem atenuar esses efeitos. No primeiro trimestre, os dias de estoque diminuíram 9% em relação ao ano anterior para uma amostra de varejistas de vestuário, calçados e joias no Brasil. Essa redução de 2% em termos absolutos pode ajudar a compensar parte das perdas.
Embora as perspectivas macro dos varejistas mostrem sinais de melhora no início de 2024, ainda esperamos uma recuperação gradual nos próximos trimestres. A expectativa de empréstimos ao consumidor mais fortes pode impulsionar a receita, enquanto as iniciativas de corte de custos continuarão a aumentar a margem.
Em meio a esse ambiente mais conservador, algumas empresas se destacam. O BTG Research, por exemplo, sinaliza a combinação de empresas preferidas, como: MELI, Smartfit, Grupo Mateus, Vivara e Grupo SBF, pois apresentam melhor momento e menos espaço para revisões negativas de lucros. Essas estratégias adaptativas são essenciais para enfrentar os desafios climáticos e garantir a resiliência do setor de varejo de moda, segundo o banco.
Análise de Correlação: Clima versus Vendas no Setor de Vestuário
A análise realizada pelo BTG Research também examinou as correlações entre as condições climáticas e as vendas no setor de vestuário. Utilizando dados dos registros de vendas do segundo trimestre (SSS) de varejistas de moda e vestuário, bem como informações sobre vendas e volumes de roupas e calçados de 2010 a 2023, identificamos tendências significativas.
- Correlações Negativas: A maioria dos varejistas apresentou correlações negativas com a temperatura média (-0,42). Além disso, as vendas e os volumes do setor também mostraram correlações negativas, com valores de -0,48 e -0,32, respectivamente.
- Desafios Climáticos: As flutuações significativas de temperatura e as mudanças nos padrões climáticos representam desafios para o setor de vestuário. Essas condições imprevisíveis afetam as operações e o comportamento de compra dos clientes.
- Limitações da Análise: Reconhecemos que nossa análise considerou apenas dados limitados e não incorporou outros fatores, como condições microeconômicas específicas das empresas e impactos macroeconômicos no setor.ACESSE O RELATÓRIO COMPLETO SOBRE O VAREJO BRASILEIRO
Estratégias Adaptativas
Para enfrentar esses desafios, os varejistas devem considerar estratégias como:
- Adaptação das coleções de inverno para produtos mais leves e de origem nacional.
- Investimento em roupas versáteis, design e tecnologia.
- Modelos de negócios reativos e proativos.
Clima quente
Os anos de 2022 e 2023 oferecem insights valiosos sobre o impacto do clima nas vendas do setor de varejo de moda. Vamos explorar esses eventos e os comentários das empresas:
- 2022: Maior Demanda com Temperaturas Frias Antecipadas
- No ano de 2022, os varejistas observaram uma maior demanda por roupas de inverno devido à chegada antecipada das temperaturas frias em maio.
- Esse cenário impulsionou o desempenho do setor, com consumidores renovando seus guarda-roupas após a retomada das interações sociais e maior mobilidade pessoal.
- 2023: Inverno Mais Curto e Quente
- Em contraste, o inverno de 2023 foi mais curto e mais quente.
- Essa mudança climática teve impactos significativos nas vendas e margens das empresas.
- A Soma, por exemplo, enfrentou um cenário de consumo pressionado pela alta taxa de juros e um inverno menos rigoroso no país.
- Perspectivas para 2024: Outro Inverno Quente
- As expectativas para 2024 apontam para outro inverno quente.
- Isso pode afetar o SSS (Same Store Sales) e os descontos no segundo trimestre, eventualmente impactando as vendas e margens no terceiro trimestre.
Em resumo, as flutuações climáticas têm um papel crucial no desempenho do varejo de moda. As empresas que conseguirem se adaptar a essas mudanças terão uma vantagem competitiva, enquanto aquelas que enfrentarem desafios climáticos podem precisar ajustar suas estratégias.
SAIBA QUAIS EMPRESAS ESTÃO PREPARADAS PARA LUCRAR MAIS COM AS MUDANÇAS NO VAREJO
Impactos Globais do Clima Imprevisível no Setor de Vestuário
O clima imprevisível é uma realidade global, e as empresas em todo o mundo estão enfrentando seus efeitos. No setor de vestuário, em particular, a preocupação com o clima fora de época tem aumentado significativamente. De acordo com a GlobalData, o termo “clima fora de época” apareceu 72 vezes nos registros de empresas de moda em 2023, um salto considerável em relação às apenas nove menções em 2019. Essa tendência reflete a crescente conscientização sobre os desafios impostos pelos padrões climáticos erráticos, que podem afetar a produção, as cadeias de suprimentos e o comportamento de compra dos consumidores.