Os dados divulgados pelo National Bureau of Statistics (NBS) revelaram que a produção industrial e as vendas no varejo da China superaram as expectativas em outubro, indicando sinais de recuperação econômica. No entanto, a análise mais profunda revela áreas de fragilidade significativa, especialmente no setor imobiliário, que continua a impedir uma recuperação plena devido à crise.
A segunda maior economia do mundo tem enfrentado desafios para uma recuperação robusta pós-COVID, com dificuldades no mercado imobiliário, riscos da dívida do governo local, crescimento global lento e tensões geopolíticas que afetaram o ímpeto. Medidas de suporte político têm mostrado benefícios modestos, aumentando a pressão sobre as autoridades para implementar mais estímulos.
Em outubro, a produção industrial chinesa cresceu 4,6% em relação ao ano anterior, superando as expectativas de um aumento de 4,4% em uma pesquisa da Reuters. Este crescimento representa a expansão mais forte desde abril. As vendas no varejo também aumentaram 7,6% em outubro, impulsionadas pelo crescimento nas vendas de automóveis e restaurantes, acelerando em relação ao ganho de 5,5% em setembro e atingindo o ritmo mais rápido desde maio.
No entanto, analistas alertam para os desafios persistentes, especialmente no setor imobiliário, apontando a falta de reformas significativas como um obstáculo para uma recuperação sustentável a longo prazo. Xing Zhaopeng, estrategista sênior da China no ANZ, destacou que os números anuais não refletem totalmente o impulso real da economia devido ao impacto de feriados e ao efeito de base baixa em 2022.
Louise Loo, economista da China na Oxford Economics, expressou preocupações sobre a demanda externa fraca, que poderia prejudicar a produção industrial, apesar do fortalecimento no mês passado. A incerteza sobre o mercado de trabalho também impactou o consumo, com a taxa de desemprego nacional permanecendo em 5,0% em outubro.
O setor imobiliário chinês, mesmo com medidas de apoio, ainda não apresentou uma recuperação significativa, com um declínio de 9,3% nos investimentos de janeiro a outubro. O investimento em ativos fixos também decepcionou, expandindo-se apenas 2,9% nos primeiros 10 meses, abaixo das expectativas. A confiança entre as empresas privadas permanece deprimida, com investimentos no setor encolhendo 0,5% durante janeiro-outubro.
Embora o crescimento econômico no terceiro trimestre tenha superado as expectativas, os desafios persistentes destacam a necessidade contínua de suporte político. O Banco Popular da China (PBOC) manteve as taxas de juros inalteradas, mas analistas esperam cortes adicionais nas taxas de reserva bancária e de juros nos próximos meses.
Apesar dos desafios, os analistas acreditam que o governo chinês está preparado para manter e possivelmente intensificar as políticas de suporte para evitar retrocessos na economia. O cenário internacional, as pressões de desaceleração e os riscos geopolíticos continuam a ser fatores cruciais a serem monitorados para determinar a trajetória futura da economia chinesa.