O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou hoje sua decisão de reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, estabelecendo-a em 12,75% ao ano. Esta decisão reflete a análise do cenário econômico atual e é parte de uma estratégia para promover a convergência da inflação para a meta estabelecida.
Ambiente Externo Incerto
O cenário global se apresenta mais incerto, com destaque para a continuidade do processo de desinflação, apesar da persistência de núcleos de inflação elevados e resiliência nos mercados de trabalho em várias nações. Os bancos centrais das principais economias mantêm seu compromisso de alinhar as taxas de inflação com suas metas. O Copom observa atentamente a elevação das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e a perspectiva de um menor crescimento na China, fatores que demandam maior atenção dos países emergentes.
Cenário Doméstico e Inflação
No contexto doméstico, a atividade econômica demonstrou uma resiliência maior do que o previsto, mas o Copom ainda prevê uma desaceleração nos próximos trimestres. Houve um aumento na inflação acumulada em doze meses, embora as medidas de inflação subjacente mostrem uma tendência de queda, mas ainda acima da meta de inflação. As expectativas de inflação para os próximos anos, conforme apuradas pela pesquisa Focus, situam-se em torno de 4,9% para 2023, 3,9% para 2024 e 3,5% para 2025.
Projeções do Copom e Riscos
As projeções do Copom indicam uma inflação de 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025, no cenário de referência. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025. O Comitê ressalta que permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta, destacam-se a persistência das pressões inflacionárias globais e uma inflação de serviços mais resiliente do que o projetado devido a um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, destacam-se uma desaceleração global mais acentuada do que o projetado e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Importância das Metas Fiscais
O Copom reforça a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária.
Estratégia de Convergência
Considerando a evolução do processo de desinflação e os cenários avaliados, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros para 12,75% ao ano. Esta decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte relevante, incluindo 2024 e, em menor grau, 2025. Além de buscar a estabilidade de preços, essa medida visa suavizar as flutuações da atividade econômica e fomentar o emprego.
Perspectiva de Novos Cortes
O Copom, de forma unânime, antevê reduções de mesma magnitude nas próximas reuniões, indicando que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo de desinflação. A magnitude total do ciclo de flexibilização dependerá da evolução da inflação, expectativas de inflação, hiato do produto e riscos.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.