O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) enfatizou a avaliação de que “a barra é alta para aceleração dos cortes” da Selic, segundo análise do BTG Pactual. Álvaro Frasson, economista da instituição, destacou que o comunicado trouxe poucas surpresas, com o corte unânime de juros e a manutenção da sinalização de ajustes “de mesma magnitude nas próximas reuniões”, intencionalmente no plural, com o objetivo de reduzir as expectativas de um corte mais acelerado de juros em dezembro.
No cenário atual, um corte de 75 pontos-base em dezembro parece ser uma perspectiva mais distante, requerendo uma significativa desaceleração da atividade econômica e leituras do IPCA tão favoráveis quanto as de agosto.
O banco observa que o comunicado demonstra uma postura mais cautelosa em relação à questão fiscal, que havia sido retirada no comunicado de agosto sob o título de “incerteza fiscal residual”. O Copom destaca a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para ancorar as expectativas de inflação, sinalizando a relevância desse fator.
De acordo com Frasson, o Banco Central deixa claro que a manutenção das metas fiscais e de tudo o que foi aprovado recentemente está ligada à convergência das expectativas, que ainda estão parcialmente ancoradas.
Quanto ao possível impacto na curva de juros, espera-se uma abertura das taxas de juros futuros nos vencimentos mais curtos e uma queda nos vencimentos mais longos, uma vez que o Banco Central demonstrou maior preocupação com os riscos que cercam as expectativas de inflação em comparação com a última reunião. No geral, prevê-se que a discussão de curto prazo no cenário monetário se reduza e migre para o nível terminal das taxas de juros no próximo ano, ganhando maior peso.