A Oi (OIBR3), que segue em processo de recuperação judicial, anunciou nesta quinta-feira (9) a renúncia coletiva de seus principais executivos e conselheiros, em uma decisão que marca o início de uma nova fase de reestruturação na companhia. O movimento foi acompanhado de uma forte alta das ações, que subiram 10,53%, cotadas a R$ 0,42 por volta das 10h38.
Deixam a empresa o CEO e diretor de Relações com Investidores, Marcelo Milliet, o diretor financeiro (CFO), Rodrigo Caldas Toledo Aguiar, além de membros do Conselho de Administração: Paul Murray Keglevic, Scott David Vogel, Paul Stewart Aronzon, Francisco Roman Lamas Mendez-Villamil e Renato Carvalho Franco. As saídas têm efeito a partir de 30 de setembro de 2025.
Comitê de transição assume papel estratégico
A Justiça determinou a formação de um Comitê de Transição, que atuará durante o processo de reorganização da empresa. A nomeação foi feita pelo gestor judicial Bruno Rezende, em cumprimento à decisão da 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O comitê será composto por Fábio Wagner, André Tavares Paradizi, Gustavo Roberto Brambila e Marcelo Augusto Leite de Moraes, profissionais com experiência em reestruturação e governança corporativa.
A criação desse grupo busca garantir continuidade administrativa e transparência na sucessão da liderança enquanto a Oi revisa seu plano de negócios e renegocia dívidas bilionárias.
Um novo capítulo para a Oi (OIBR3)
A saída da diretoria e do conselho sinaliza mudanças profundas na governança da empresa. A medida ocorre em meio a pressões de credores e investidores, que cobravam mais agilidade na execução do novo plano de recuperação judicial.
Nos últimos meses, a Oi enfrentou grandes desafios financeiros, agravados por queda de receita operacional, endividamento elevado e disputas judiciais com fornecedores e credores. Mesmo assim, a reação positiva no pregão indica que o mercado enxerga a troca de comando como uma oportunidade de recomeço.
“A reestruturação da liderança era inevitável. A empresa precisava de novos nomes para restaurar a confiança e acelerar o processo de recuperação”, avaliou um analista ouvido pelo Money Times.
Contexto da recuperação judicial
A Oi está em seu segundo processo de recuperação judicial, iniciado em 2023, após não conseguir cumprir metas de redução de dívidas estabelecidas no plano anterior, homologado em 2018.
Atualmente, o passivo da companhia ultrapassa R$ 30 bilhões, e parte relevante das dívidas está em moeda estrangeira, o que aumenta o peso da desvalorização do real.
O objetivo da nova fase é reestruturar a operação de fibra óptica (V.tal) e alienar ativos não estratégicos para melhorar o caixa e reduzir o endividamento.
Ações da Oi voltam a despertar interesse
Após meses de queda, as ações OIBR3 vinham operando em valores inferiores a R$ 0,40, tornando-se penny stocks. A disparada de 10% nesta quinta reflete otimismo pontual com a perspectiva de mudança de rumos.
Analistas, contudo, ainda alertam para a volatilidade elevada e para o risco de diluição em eventuais aumentos de capital. Segundo casas como XP Investimentos e BTG Pactual, o processo de reestruturação será longo e dependerá do êxito na execução do novo plano judicial.