B3 exclui ação da Ambipar de todos os índices

A B3 anunciou a exclusão da Ambipar de todos os seus índices e o fim da designação de ação verde, após crise financeira
Ambipar

A B3 anunciou nesta quinta-feira (9) que a Ambipar será excluída de todos os nove índices nos quais está incluída e que não renovará a certificação de “ verdes” da companhia. A decisão ocorre em meio à crise financeira e de governança que abala a empresa e levou suas ações a desabarem mais de 90% nas últimas semanas.

Segundo comunicado da bolsa, os papéis da Ambipar deixarão de integrar as carteiras ao preço de fechamento de 15 de outubro, com a participação redistribuída proporcionalmente aos demais ativos.

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Atualmente, a Ambipar faz parte de importantes índices da B3, como o Amplo, de Diversidade, de Governança Corporativa Trade, de Ações com Governança Diferenciada, Novo Mercado, de Empresarial, Tag Along Diferenciado, MidLarge Cap e Utilidade Pública.

De acordo com a B3, a decisão tem base no Manual de Definições e Procedimentos dos Índices, que autoriza a exclusão de ativos “a critério da bolsa, visando preservar a continuidade, a representatividade e a integridade dos índices”.

Além disso, a empresa perderá o selo “B3 Ações Verdes”, uma vez que a metodologia do programa prevê que companhias envolvidas em incidentes de risco ambiental, social ou de governança (ASG) podem ter a certificação suspensa ou retirada.


Crise financeira e risco de insolvência

A exclusão ocorre em meio à deterioração financeira da Ambipar. No fim de setembro, a empresa obteve uma medida cautelar da Justiça do Rio de Janeiro que suspendeu o vencimento antecipado de suas ívidas e impediu a execução de cláusulas contratuais que poderiam causar um rombo de até R$ 10 bilhões.

O problema começou após o exigir garantias adicionais de US$ 35 milhões, o que pressionou o caixa da companhia. A Ambipar alegou que o banco ultrapassou os limites contratuais e pediu proteção judicial.

A agência Fitch Ratings chegou a afirmar que a situação representa um evento semelhante à inadimplência (default). Desde então, os papéis da empresa vêm despencando e acumulavam queda de 93% até esta semana.


Rumores de recuperação judicial

Na terça-feira (7), a Bloomberg News informou que a Ambipar pode entrar com pedido de na próxima semana. A expectativa é que o processo seja protocolado na Justiça do Rio de Janeiro, o que ampliou o clima de incerteza entre investidores e credores.

A notícia aumentou a pressão sobre os títulos da companhia, que despencaram no mercado internacional e acionaram cláusulas de vencimento antecipado em diversos Certificados de Operações Estruturadas (COEs).


COEs da Ambipar e Braskem geram perdas a investidores

Investidores que aplicaram em COEs da Ambipar e da Braskem sofreram perdas de até 93% do valor investido, segundo comunicados da XP Investimentos e do BTG Pactual. Os produtos, lastreados em títulos de dívida das companhias, foram liquidados antecipadamente devido à desvalorização dos papéis no mercado.

A crise levantou questionamentos sobre a transparência e a adequação dos produtos estruturados oferecidos a investidores de varejo. Muitos clientes relataram perdas expressivas em sites como o Reclame Aqui, alegando que os riscos não foram devidamente explicados pelas corretoras.

Especialistas afirmam que os COEs possuem cláusulas de “vencimento antecipado” que são acionadas quando o ativo de referência perde valor ou entra em default. Nesses casos, o investidor recebe apenas uma fração do capital aplicado — no caso da Ambipar, 6,88% do valor investido; já nos COEs da Braskem, o retorno ficou entre 26,62% e 36,97%.

“Ao acionar o gatilho, o emissor calcula o valor de recuperação dos títulos a mercado. Se os papéis estão sendo vendidos a preços muito baixos, o investidor recebe apenas uma fração pequena do que aplicou”, explica o planejador financeiro Jeff Patzlaff.


Situação das ações

Nesta quinta-feira (9), por volta de 13h30, as ações da Ambipar () registravam alta de 26,47%, cotadas a R$ 0,86, após sucessivas quedas. No entanto, analistas destacam que, por ser uma penny stock, o papel apresenta alta e oscilações pontuais não indicam recuperação consistente.

O mercado segue atento à evolução das negociações da empresa com credores e à possibilidade de um pedido formal de recuperação judicial nos próximos dias.

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