Ações da Desktop (DESK3) disparam 11% com possível compra pela Claro; entenda o impacto

As ações da Desktop (DESK3) sobem mais de 10% com rumores de compra pela Claro. Analistas avaliam impacto para Vivo (VIVT3) e Tim (TIMS3)
Ações da Desktop

As ações da Desktop (DESK3) dispararam nesta quarta-feira (8), subindo mais de 10% na B3, após a notícia de que a Claro está em negociações para comprar a provedora de banda larga. A movimentação reacendeu o interesse do mercado e pode marcar um novo capítulo na consolidação do setor de no .

Por volta das 11h55 (horário de Brasília), os papéis da Desktop avançavam 8,94%, a R$ 12,31, depois de atingirem alta máxima de 11,33% no início do pregão. A empresa confirmou, na noite de terça-feira, que mantém discussões com a Claro, mas destacou que ainda não há acordo sobre preço ou condições finais.

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A notícia vem após meses de especulações sobre fusões entre provedores de internet regionais e grandes operadoras. Caso a negociação avance, a transação poderá tirar a Desktop da bolsa, encerrando um ciclo iniciado com seu em 2021.


Claro busca expandir fibra óptica e reduzir concorrência

Para o BTG Pactual, a compra da Desktop faz sentido estratégico para a Claro, que busca acelerar a migração da tecnologia HFC (cabo coaxial) para fibra óptica (FTTH) e reforçar sua presença em , principal mercado da Desktop.

O banco destaca ainda que a Desktop possui R$ 801 milhões de ágio contábil, o que pode ser aproveitado como benefício fiscal, tornando o negócio ainda mais atraente.

A equipe do BTG, liderada por Carlos Sequeira, avalia que o setor de provedores de internet (ISPs) passa por uma fase avançada de consolidação, com três movimentos principais:

  1. Aquisição de menores, que já está em andamento;

  2. Fusão entre grandes ISPs, como a recente união entre Vero e Americanet;

  3. Entrada das grandes operadoras, como Claro, Vivo e Tim, comprando provedores regionais.

Segundo o BTG, a compra da Desktop representaria o início dessa terceira fase — a da consolidação liderada por grandes grupos nacionais.


O preço será decisivo

O BBI e a Ágora avaliam que, do lado da Desktop, o negócio só faz sentido dependendo do valor oferecido pela Claro.

“As discussões estão em estágio inicial. Em 2024, a Vivo e a Desktop chegaram a negociar, mas o acordo não avançou por divergências de preço”, afirmam Daniel Federle (BBI) e Flávia Meireles (Ágora).

Os analistas acreditam que é improvável que a Vivo entre na disputa, já que a empresa tem ampliado sua base de fibra óptica de forma orgânica e, anteriormente, desistiu de uma proposta semelhante.

“Não vemos lógica para uma de preços agora”, concluem.


Impactos para Claro, Vivo e Tim

Para a Claro, o negócio teria forte apelo estratégico. A operadora é líder em São Paulo, mas ainda depende da tecnologia HFC, considerada inferior à fibra óptica. A compra da Desktop eliminaria um concorrente regional relevante e permitiria ampliar rapidamente a rede de fibra e a base de clientes.

“A Claro ganharia escala e competitividade, além de melhorar a percepção de qualidade entre consumidores”, aponta o relatório do Bradesco BBI.

Já para Vivo (VIVT3) e Tim (TIMS3), o cenário seria ligeiramente negativo. Apesar de perderem um competidor direto, as duas empresas poderiam enfrentar maior pressão competitiva caso a Claro combine serviços de banda larga e telefonia móvel com mais eficiência — algo que pode afetar especialmente a Tim, que ainda tem menor presença em pacotes integrados.


Desktop pode deixar a bolsa

Se o negócio for concretizado, a Desktop (DESK3) poderá sair da B3. Normalmente, aquisições desse porte levam a ofertas públicas de aquisição (OPA) para fechamento de capital.

Fundada em Campinas, a Desktop tem forte presença no interior paulista, com mais de 180 municípios atendidos e cerca de 1 milhão de assinantes. Desde o IPO, tornou-se uma das principais representantes do setor de ISPs na bolsa brasileira, focando em expansão orgânica e aquisições regionais.

A compra pela Claro encerraria um ciclo de crescimento e consolidaria o mercado de fibra óptica sob domínio das grandes operadoras.


Consolidação acelera no setor de telecom

Nos últimos anos, o mercado de telecomunicações brasileiro tem passado por grande concentração. Além da fusão entre Vero e Americanet, a Vivo Fibra ampliou sua cobertura nacional, e novas operadoras estrangeiras têm demonstrado interesse em ativos locais.

A Claro, controlada pela mexicana América Móvil, busca se fortalecer no segmento de banda larga e integrar seus serviços móveis e residenciais. A possível aquisição da Desktop se encaixa nessa estratégia e pode redefinir o equilíbrio competitivo no Sudeste.

O avanço das negociações entre Claro e Desktop (DESK3) impulsionou as ações da empresa e reforçou a tendência de consolidação no mercado brasileiro de telecomunicações. Embora ainda não exista acordo fechado, o interesse da Claro mostra o valor estratégico dos provedores regionais em um cenário de disputa acirrada por clientes de fibra óptica.

Se confirmada, a compra pode fortalecer a Claro, pressionar Vivo e Tim e encerrar a trajetória da Desktop na B3, consolidando um novo ciclo de concentração no setor.

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