A inadimplência do agro voltou a preocupar bancos e analistas em 2025. Dados do Banco Central apontam que o calote no crédito agropecuário atingiu 5,1% em agosto, alta de 0,7 ponto percentual em relação ao mesmo mês do ano anterior. O movimento tem implicações diretas para o desempenho do Banco do Brasil (BBAS3), instituição com maior exposição ao setor.
Segundo relatório do Itaú BBA, a deterioração da qualidade da carteira pode colocar em risco a recuperação esperada para 2026. Para os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, a conjuntura deve levar a um terceiro trimestre ainda desafiador.
Crédito agro em queda
Os números mostram que o crédito agropecuário para pessoas físicas cresceu apenas 4,8% em agosto, ritmo menor que o de meses anteriores, refletindo renegociações. Já as novas concessões recuaram 22%, com forte queda nas operações de taxa de mercado (-40%) e redução também nas linhas subsidiadas (-15%).
Esse cenário reforça a percepção de risco. Como o crédito de mercado representa cerca de três quartos da carteira agro do Banco do Brasil, a instituição pode enfrentar mais pressão sobre sua rentabilidade caso a inadimplência continue avançando.
Impacto sobre o Banco do Brasil
Com calotes acima de 90 dias atingindo 9,3% em todo o sistema financeiro em agosto, a preocupação se intensifica. Embora o BBAS3 mantenha fundamentos sólidos, a exposição ao agro amplia a sensibilidade do banco às oscilações do setor.
O Itaú BBA projeta a ação do Banco do Brasil com recomendação neutra (market perform) e preço-alvo de R$ 23 para o fim de 2026, o que representa um potencial de valorização de apenas 4,1%.
Perspectivas para 2026
A expectativa do mercado é de que a inadimplência do agro se estabilize ao longo de 2026, mas isso dependerá da recuperação dos preços das commodities, da demanda externa e de políticas de crédito agrícola. Até lá, o desempenho do Banco do Brasil segue em xeque, em especial por conta do peso do setor em sua carteira de crédito.