Entenda a operação nos green bonds da Ambipar que colocaram a empresa em situação delicada

Green bonds da Ambipar (AMBP3), antes recordistas, despencam após swaps de risco. Empresa pode pedir recuperação judicial em até 60 dias.
green bonds da Ambipar

Os green bonds da () já foram motivo de orgulho para a empresa e para o mercado brasileiro. Em 2024, a companhia ambiental realizou a maior emissão privada da história do país, levantando US$ 750 milhões em títulos verdes com vencimento em 2031. O objetivo era financiar projetos sustentáveis e reforçar sua posição global como referência em ESG (, social e governança).

Contudo, em menos de dois anos, a trajetória mudou radicalmente. Após novas captações e decisões financeiras questionáveis, os papéis da empresa entraram em forte desvalorização, levantando dúvidas sobre sua liquidez e colocando a companhia sob risco de recuperação judicial.

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O efeito dos swaps sobre os green bonds da Ambipar

A partir de 2025, a Ambipar realizou uma segunda emissão de US$ 493 milhões em bonds, elevando sua exposição a internacionais. Para proteger-se da volatilidade do dólar, a companhia contratou contratos de swap, que transformaram a dívida em dólares em uma obrigação em reais, acrescida de taxas.

Até então, o movimento parecia seguro. Mas em agosto de 2025, o alterou as condições do contrato, vinculando os swaps ao valor de mercado dos próprios green bonds da Ambipar. Assim, cada vez que os títulos perdiam valor, a empresa precisava depositar garantias adicionais. Isso desencadeou um efeito em cascata: a queda dos bonds aumentava a pressão sobre o caixa, que, por sua vez, alimentava ainda mais a desconfiança do mercado.

A saída do CFO e a escalada da crise

A situação atingiu o ápice em setembro de 2025, quando João Arruda, então CFO da Ambipar e responsável pelas operações financeiras, renunciou ao cargo. A saída abrupta cancelou reuniões com investidores e gerou ainda mais incerteza.

Enquanto isso, analistas e credores questionavam a real situação do caixa da empresa. Apesar de a Ambipar ter reportado R$ 4,7 bilhões em caixa no segundo trimestre, fontes afirmam que apenas US$ 80 milhões estavam efetivamente disponíveis. Esse descompasso fortaleceu a percepção de risco e impulsionou agências de rating a rebaixarem a nota da empresa.

Recuperação judicial no horizonte

Diante do cenário, especialistas avaliam que a Ambipar pode solicitar recuperação judicial em até 60 dias, como forma de renegociar dívidas e ganhar tempo para se reorganizar. Os green bonds da Ambipar, que em 2024 eram símbolo de inovação financeira e , hoje são vistos como um exemplo de como instrumentos complexos podem se transformar em um risco elevado quando mal estruturados.

🔹 O que são green bonds?

Os green bonds (títulos verdes) são instrumentos de dívida usados por ou governos para captar recursos destinados a projetos sustentáveis, como , gestão de resíduos e eficiência energética. Eles atraem investidores preocupados com o impacto ambiental e costumam ter regras rígidas de transparência.

🔹 O que são swaps?

Os swaps são contratos financeiros que funcionam como uma troca de obrigações entre duas partes. No caso da Ambipar, o swap foi usado para trocar a dívida em dólar por uma dívida em reais, reduzindo a exposição às variações cambiais. Na prática, é como um seguro contra a oscilação da moeda. Porém, dependendo das cláusulas, o swap pode se tornar um fator de risco — como aconteceu quando passou a exigir garantias adicionais ligadas ao valor dos bonds.

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