O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (29) as estatísticas de crédito referentes a agosto de 2025. Os dados mostram que, embora o volume total de empréstimos siga em crescimento, a expansão perdeu fôlego. Ao mesmo tempo, a inadimplência sobe e as taxas de juros permanecem em patamares elevados, especialmente em linhas voltadas às famílias.
O estoque total de crédito no Sistema Financeiro Nacional chegou a R$ 6,8 trilhões. O avanço foi puxado pelos empréstimos a famílias, que englobam o consignado e financiamentos de veículos. Já o crédito para empresas recuou 0,1% no mês, com destaque para a queda de 1,2% nas linhas de capital de giro.
Inadimplência sobe entre famílias e preocupa
A inadimplência geral — atrasos acima de 90 dias — subiu para 3,9% do total de operações, ante 3,8% em julho. O maior impacto foi observado entre as famílias, cuja taxa passou de 6,6% para 6,8%, enquanto o crédito livre às empresas se manteve estável em 3,3%.
Economistas avaliam que a elevação reflete a renda ainda comprimida, os juros altos e a dificuldade de renegociação em algumas modalidades. Para o BC, a tendência é que o aumento seja monitorado com atenção, já que pode sinalizar riscos à estabilidade do sistema financeiro.
Novo consignado é mais caro, mas ainda competitivo
Um dos destaques do relatório foi o desempenho do novo crédito consignado para trabalhadores do setor privado. A modalidade, que permite desconto direto na folha sem a necessidade de convênio entre empresas e bancos, tem custo maior do que os contratos antigos, mas segue mais barata que outras linhas não consignadas.
De acordo com o BC, a taxa média do novo consignado chegou a 3,9% ao mês, acima dos 2,6% dos convênios antigos e bem abaixo dos 6,2% cobrados no crédito pessoal não consignado. Em agosto, a taxa média ficou em 3,79% ao mês, praticamente o dobro das condições oferecidas a aposentados e servidores públicos (1,8% ao mês).
Juros continuam elevados em outras modalidades
As demais linhas de crédito seguem com taxas expressivas. O cheque especial atingiu 7,49% ao mês e o cartão de crédito rotativo chegou a 15,29%. Para analistas, os números reforçam que a política monetária contracionista ainda pesa sobre as condições de crédito, freando a retomada da demanda.
Crédito ampliado cresce acima do PIB
O relatório também mostrou que o crédito ampliado — que inclui empréstimos, títulos públicos e privados — chegou a R$ 19,7 trilhões, equivalente a 159% do PIB. O crescimento foi mais intenso entre as famílias, sinalizando uma dependência maior desse segmento em relação ao endividamento para sustentar o consumo.